Da Redação – 14.03.2016 –
Avalição é da consultoria McKinsey, em relatório publicado nesse mês. Malfeitos fazem parte da lista ao lado da falta de escala em projetos na área e da pouca transparência, mesmo em países do chamado G20, e impediriam a maior participação do setor privado.
Tema recorrente do nosso dia a dia, a corrupção é uma das barreiras para o desenvolvimento de projetos sustentáveis na área de infraestrutura. A informação faz parte do relatório Financing change: How to mobilize private-sector financing for sustainabe infrasctructure, recém-publicado. Escrito por quatro especialistas, o documento lista o custo de tornar os projetos dessa área resilientes às mudanças climáticas, mais socialmente inclusivos e com maior redução de emissões de carbono. A conta adicional para construir estradas, sistemas de saneamento e outros dentro dos padrões elencados acima é – inicialmente – de US$ 14 trilhões.
Vamos explicar os números: na estimativa da McKinsey, a demanda global projetada para serviços de infraestrutura envolveria a soma de US$ 89 trilhões entre 2015-2030. Esse caminhão de dinheiro considera que os empreendimentos seriam feitos num cenário de alta emissão de carbono. Já os projetos que envolvam sustentabilidade como, por exemplo, uma ponte construída com concreto que use materiais reciclados em sua composição, precisariam de pelo menos mais US$ 4,7 trilhões.
Opa, mas não são os US$ 14 trilhões? Sim, mas acontece que há uma conta de subtração no meio: ao investir em projetos sustentáveis, a McKinsey calcula que os países – como um todo – economizariam US$ 9,3 trilhões em investimentos de capital. Entre os projetos tidos como modelos, a consultoria cita a expansão das estradas de quarta geração na Colômbia e a rede de energia eólica do Lago Turkana, no Quênia.
Os maiores gaps entre empreendimentos sustentáveis e os não verdes concentram-se nos países de economia média (aqueles com renda per capita anual entre US$ 1 mil e US$ 12,7 mil). O desafio também é maior no setor de energia. A conta também pesa para a área estatal, ainda predominante nos investimentos anuais de cerca de US$ 3 trilhões. O necessário, de acordo com a McKinsey seria US$ 7,7 trilhões nos próximos 15 anos.
Independente do valor real aplicado e do ideal, a iniciativa privada poderia participar com entre US$ 1 trilhão a US$ 1,5 trilhão/ano. O problema? A já listada corrupção e outros quatro fatores. São eles:
- Pouca transparência: somente metade dos países do G20 publicam seu pipeline de projetos de infraestrutura.
- Falta de escala: um terço de projetos de energias renováveis são pequenos, tipo energia solar no telhado de casas, por exemplo.
- Modelos duvidosos de operação: na África Subsaariana cerca de 70% dos do fornecimento de água das empresas do setor é perdido por vazamento, não medição ou roubo.
- Taxas e regulações: o fortalecimento de regulação internacional tem um efeito colateral de reduzir o interesse de instituições de investir em projetos fora de seu país.
- Corrupção: muitos projetos de infraestrutura são considerados altamente atrativos, mas a relação entre o risco de investimento e o retorno financeiro em função dos malfeitos joga contra o interesse de grandes investidores.
Entre as respostas listadas pelos autores do estudo estão a maior participação de entidades internacionais no processo, caso do IFC, que pertence ao Banco Mundial, e da maior ação dos governos locais.
Em ambos os casos, a ação seria concentrada na exigência de critérios como projetos com maior eficiência energética. É o caso do North West Rail Link, orçado em US$ 8,3 bilhões, na Austrália, onde o requisito de sustentabilidade foi altamente exigido para quem queria participar das licitações para fornecimento de materiais.
Os autores do relatório são: Aaron Bielenberg, Melissa Roberts, Mike Kerlin, Jeremy Oppenheim, todos da Mckinsey.