América Latina enfrenta desafio de aumentar a produtividade

Da Redação, com informações do BID – 28.03.2018 – Relatório do BID indica que o déficit de investimentos e ineficiências limitam o crescimento da região e do Caribe A América Latina e o Caribe “devem crescer mais fortemente nos próximos anos, embora a região continue a ter um desempenho baixo em relação à economia mundial, […]

Por Redação

em 28 de Março de 2018

Da Redação, com informações do BID – 28.03.2018 –

Relatório do BID indica que o déficit de investimentos e ineficiências limitam o crescimento da região e do Caribe

A América Latina e o Caribe “devem crescer mais fortemente nos próximos anos, embora a região continue a ter um desempenho baixo em relação à economia mundial, devido tanto a níveis baixos como baixa qualidade dos investimentos”, aponto o Relatório Macroeconômico 2018 do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Segundo o documento, o PIB da região deve ter um crescimento médio esperado de 2,6% em 2018-2020, o que está de acordo com as taxas de crescimento históricas (2,4% é a taxa de crescimento média de 1960-2017). No entanto, essa taxa fica atrás de regiões como a Ásia Emergente e a Europa Emergente, que devem ter um crescimento esperado de 6,5% e 3,7% no mesmo período.

Cenários de risco

Mesmo essas projeções de referência moderadas para o crescimento podem estar em risco. Um choque mundial negativo no preço dos ativos – talvez desencadeado por uma inflação mais rápida do que o esperado – poderia cortar 0,7% do crescimento regional por ano (2,1% do PIB nos próximos 3 anos).

Esses riscos não são uniformemente distribuídos. O Cone Sul (excluindo o Brasil) tem uma expectativa de crescer 2,9% em 2018-2020 e poderia perder 0,8% de crescimento por ano. O México tem uma expectativa de crescimento de 2,7% em 2018-2020 e poderia perder 1% do PIB a cada ano ao longo do período. O Brasil, que deve crescer apenas 2% pelos próximos 3 anos, poderia perder 0,5% por ano com esse tipo de choque.

Um cenário alternativo prevê um crescimento mais alto do que o esperado dos Estados Unidos associado a taxas de juros ligeiramente mais altas e mais ação nas políticas comerciais. Essa combinação pode ser neutra para a economia americana, que continua a crescer fortemente, mas o relatório argumenta que seria negativa para a América Latina e o Caribe. O impacto combinado poderia cortar de 0,3% a 2,3% do crescimento em 2018-2020 no cenário de referência, com impactos maiores para o México e a Região Andina.

“A boa notícia é que a maior parte da região está de volta ao caminho do crescimento”, disse José Juan Ruiz, Economista Chefe do BID. “No entanto, o crescimento é muito lento para satisfazer os desejos da classe média em expansão na região. O maior desafio é aumentar os níveis e a eficiência dos investimentos para tornar a região mais produtiva, alcançar um crescimento mais rápido e mais estável e proteger a região de choques externos.”

O desafio do investimento e da produtividade

Uma das principais razões para o fraco desempenho econômico da região é o baixo crescimento da produtividade.

Em uma análise inovadora do desempenho do crescimento na região que leva em conta o aumento significativo das competências laborais, o crescimento da produtividade foi nulo entre 1990 e 2017. Em contraste, a Ásia Emergente registrou um aumento médio anual da produtividade de 0,22% no mesmo período. Apenas a África Subsaariana teve um desempenho pior. Durante o mesmo período, a taxa de crescimento per capita média na América Latina e no Caribe foi de quase 1,4 ponto percentual abaixo do registrado nos países da Ásia Emergente, devido em grande medida à ausência de crescimento da produtividade total dos fatores e a baixos investimentos.

O relatório encontrou que a região não só investe menos do que seus pares mais bem-sucedidos, mas também o faz com menos eficiência. Um ponto percentual de investimento incremental como proporção do PIB produz cerca de 0,28 ponto percentual extra de crescimento do PIB por ano na Ásia Emergente. Em contraste, produz cerca de 0,20 ponto percentual na América Latina. As diferenças se acumulam com o tempo para produzir lacunas de crescimento significativas, diz o relatório. Se a América Latina tivesse conseguido se equiparar às eficiências de investimento da Ásia Emergente nas últimas seis décadas, seu PIB regional hoje seria o dobro do que é.

“Nos últimos 50 anos, boa parte das taxas de crescimento da América Latina se deveu à expansão de sua força de trabalho”, disse Andrew Powell, assessor econômico sênior do Departamento de Pesquisa do BID e coautor do relatório. “Essas tendências favoráveis vão se inverter com o envelhecimento da população. A região precisa investir mais, e fazê-lo com mais eficiência, para aumentar o crescimento. Isso também ajudaria a garantir sustentabilidade fiscal.”