Redação – 15.03.2019 –
Alternativa envolve soluções de gerenciamento das águas pluviais combinadas
Os piscinões, reservatórios subterrâneos usados para reduzir o efeito das enchentes, estão ultrapassados como solução para aa enchentes da capital paulista e de outras cidades da Região Metropolitana. A alternativa seria a infraestrutura verde-azul, do inglês Blue-Green Infrastructure (BGI), que conjuga o gerenciamento das águas pluviais com paisagismo. De acordo com a consultoria multinacional Ramboll, o processo integra o ciclo de água no ambiente urbano, com aumento das áreas de infiltração e evaporação e já vem sendo aplicado em várias cidades no mundo.
Alejandra Devecchi, Gerente de Planejamento Urbano da Ramboll no Brasil, explica que o modelo de drenagem convencional, que prioriza o escoamento rápido das águas pluviais com aumentos das áreas impermeabilizadas, retificação e canalização de corpos d´água, está sendo questionado em todo o mundo. “Agora a questão principal é aprender a conviver com a água no seu local de origem, priorizando a infiltração, reservação e evaporação”, afirma ela.
Na opinião da gerente da Ramboll, é inadmissível que uma cidade como São Paulo dissemine ainda soluções tão precárias e antiquadas como os piscinões, por exemplo. “O cenário de mudanças climáticas, com a alteração do regime pluvial e concentração das chuvas em poucos eventos, impõe uma revisão dos sistemas tradicionais de infraestrutura”, diz.
Exemplo bem sucedido vem de Singapura
Para Alejandra, a situação constitui uma oportunidade para introduzir infraestrutura verde-azul como sistemas complementares aos tradicionais sistemas de drenagem. A iniciativa envolve a inserção de elementos na paisagem urbana como jardins filtrantes, cisternas verdes, biocanaletas, wetlands, parques com lagos. Além disso, a infraestrutura verde-azul se constitui também em uma saída para os problemas crescentes de poluição difusa e de drenagem nas regiões metropolitanas.
Um exemplo da expertise da Ramboll em infraestrutura verde-azul foi a criação de um sistema de drenagem urbana sustentável em Bishan-Ang Mo Kio Park, um dos parques mais populares no coração de Singapura. Com essa solução, cidades como São Paulo, por exemplo, além de resolverem o problema das enchentes e do seu impacto sobre o sistema de saneamento, uma vez que, com o aumento das precipitações, há uma carga adicional sobre as redes de escoamento convencionais, aumenta o número de opções para recreação nas áreas urbanas.
No caso de Singapura, havia a necessidade de se expandir a capacidade do canal Kallang ao longo da borda do parque, sendo assim, os trabalhos foram realizados simultaneamente para transformar o canal de concreto em um rio naturalizado, criando novos espaços de lazer para a comunidade.
No local, um canal reto de drenagem de concreto de 2,7 km foi convertido em um rio natural sinuoso de 3,2 km de comprimento, que serpenteia pelo parque. Foram redesenhados 62 hectares de espaço de parque para acomodar o processo dinâmico de um sistema fluvial, que inclui níveis de água flutuantes, proporcionando o máximo benefício para os usuários do parque.