Redação – 02.09.2019 –
Até 2030, 60% da população mundial será urbana, 80% da qual viverá em países de renda baixa ou média, com 90% do crescimento da população urbana vindo de países em desenvolvimento. Essa é a avaliação de Darcy Olmos Mancilla diretor da Airbus Urban Air Mobility – América Latina. Para ele, a mobilidade aérea em áreas urbanas é uma das formas de atender a esse publico crescente.
“A América Latina já é muito urbana, onde mais de 80% das pessoas vivem em áreas urbanas e a previsão é que essa proporção se aproximará de 90%. A nossa região representa 8% da população mundial, mas temos 11 das 100 cidades mais poluídas do mundo e, em termo de congestionamento, o tempo extra perdido (em média por ano) pelas pessoas, em São Paulo, é de 154 horas e de cerca de 199 horas, no Rio de Janeiro, ao mesmo tempo que a quantidade de carros no Brasil é de 90 a 100 milhões e esse número continua crescendo”, diz. Ele defende que a mobilidade área urbana é mais do que um veículo elétrico que decola e pousa na vertical ou um “táxi voador”. “Ao contrário, é um ecossistema completo que precisa ainda ser criado e, considerando as características de um país como o Brasil e a nossa presença local há mais de 40 anos, representa uma grande oportunidade de criarmos juntos o próximo capítulo da aviação e da mobilidade, ao abraçarmos a inovação. Isso tudo está alinhado ao Connected Smart Cities e Mobility”, salienta, se referindo ao evento que será realizado em meados de setembro em São Paulo para debater questões de mobilidade urbana e cidades inteligentes.
O presidente do Instituto Brasileiro de Aviação (IBA) e sócio da CFLY Aviation, Francisco Lyra, avalia que o empresário que utiliza a aviação privada está apenas praticando ativamente a gestão eficaz de seu próprio tempo. “Creio que, analogamente ao transporte de automóveis, a aviação executiva tem o seu papel na integração e capilaridade de um sistema de transporte. Além disso, os sistemas de táxi e aplicativos fazem um papel intermediário e moderno de conectar os cidadãos aos seus destinos, com eficiência, compartilhamento e economia de recursos. Em uma cidade como São Paulo, onde existem sérias carências de infraestrutura de mobilidade urbana, somadas ao baixo crescimento das linhas subterrâneas de metrô e à baixa velocidade nas linhas de superfície como ônibus, por exemplo, o transporte aéreo urbano desponta como uma solução viável, exequível e de curto prazo e investimentos de implementação”, disse.
Regulamentação
Para o chefe do subdepartamento de operações do departamento de controle do espaço aéreo (DECEA), Brigadeiro do Ar Ary Rodrigues Bertolino, não há como se falar em mobilidade aérea, delivery e EVTOL, por exemplo, considerando apenas o gerenciamento de tráfego aéreo (ATM). “Apesar de 75 anos de ATM bem regulado e consolidado, para atender o novo cenário de mobilidade aérea urbana é necessário o estabelecimento de um cenário que comporte, com segurança, as crescentes demandas de drones. Estão sendo feitas parcerias, reuniões, possíveis contratações e grupos de trabalho para definição dos requisitos que atendam às necessidades advindas da mobilidade aérea urbana. É preciso garantir que todos esses players dividam o mesmo ambiente aéreo com segurança. Nesse sentido, para que seja possível a implantação de projetos de mobilidade urbana, faz-se necessário o estabelecimento de parcerias entre a Indústria, a Academia e as Autoridades Reguladoras”, diz.