Nelson Valêncio – 31.10.2019 –
Desconhecidos dos usuários de Sul e Sudeste, os dois provedores regionais avançam pelo Norte e Nordeste, numa combinação de rede óptica com empreendimento
O mapa do Brasil, iluminado por uma rede de fibra óptica de 25,4 mil km, é o destaque lateral do estande da Junto Telecom na Futurecom. É a primeira vez que a empresa expõe no principal evento do setor, mas o provedor paraense não é amador no mercado. Criado há oito anos em Marabá, a empresa apostou em atender as regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste, com rede própria, acordos de troca de infraestrutura (swap) e ainda a locação de malha óptica de terceiros. A estratégia, segundo Gleida Conde, gerente Comercial e de Projetos Especiais, é ter sempre uma redundância – em fibra óptica – enterrada ou aérea nos locais onde atende. Com uma malha própria de 2 mil km de fibra óptica, o provedor cresce a uma taxa de 30% ao ano em negócios.
Um dos destaques da Junto Telecom é a rede de fibra óptica entre Palmas e Taguatinga, no Tocantins, que junto com a infraestrutura de parceiros, praticamente cria um cinturão digital no Centro-Oeste, exatamente no coração do agronegócios. Trata-se de uma rede enterrada, opção preferida pela operadora por ser mais segura contra as queimadas da região. A nova empreitada de porte pesado é a implantação da rede entre Itaituba e Novo Progresso, no Pará, usando a infraestrutura de cabos aéreos (OPGW) da Eletronorte. Assim como aconteceu no Tocantins, a nova rede própria no Pará será instalada, monitorada e terá manutenção da Junto, sem a contratação de terceiros. Gleida destaca que os custos de operação são menores, assim como a segurança contra interrupção de tráfego.
A operação solo do provedor não dispensa parceiros. Para a nova infraestrutura no Pará, a parceria foi fechada com a Huawei, preferida para trechos mais curtos da estrada digital da operadora. A Ciena é o parceiro mais comum para a malha de maior extensão, mas a Padtec é outro companheiro de viagem da Junto, segundo Gleida. O primeiro parceiro de peso, no entanto, foi a Vivo, no trecho que cobre de Marabá a Parauapebas. “Eles fizeram a rede entre Marabá e Eldorado dos Carajás e nos estimularam a avançar dali para Parauapebas, numa extensão de 70 km de fibra óptica”, detalha Gleida. O primeiro passo, segundo ela, foi o começo do fim da rede de rádio da Junto. “Não temos planos de voltar pro rádio”, sentencia a jovem executiva.
Aloo vai ativar mais 6 mil km de redes em São Paulo, Brasília, Minas, Mato Grosso e Espirito Santo
A Aloo Telecom nasceu em outro ponto do mapa do Brasil, mais exatamente em Maceió, porém já sinalizou que as fronteiras regionais são apenas um detalhe. A próxima parada inclui São Paulo na rota de rede própria. Serão 6 mil km de nova infraestrutura, envolvendo ainda Brasília, Mato Grosso, Rondônia, Minas Gerais e Espírito Santo. A malha atual de 35 mil km cobre todo o Nordeste, sua área preferencial de atuação, conectando cidades como Fortaleza, Mossoró, Natal, João Pessoa, Recife, Maceió, Aracaju, Alagoinhas e Camaçari, em seu perímetro atual, que passa em Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Vitória.
Tecnologicamente, a Aloo adota equipamentos de transmissão DWDM para manter a rede com capacidade de operação de 2,4 TBPS, mas está pronta para expandir a até 27 Tbps nos próximos 5 anos. “Temos como próximo passo a expansão do projeto pela região Sudeste. Com mais de 35 mil km de fibra óptica distribuídos por 14 estados brasileiros e três cidades dos EUA, atualmente detemos uma rede de backbone de longa distância, com 2.4 TBPS de alta capacidade”, afirma Felipe Cansanção, principal executivo do provedor.
Segundo ele, a estratégia da companhia acompanha a projeção de aumento do consumo de Internet no país e da própria região Nordeste, que deverá quintuplicar nos próximos anos. “Hoje no Brasil se consome em média 15 Tbps. Em muito breve, esse uso deverá chegar a 60 Tbps”, explica o empresário, que destaca também a melhoria de qualidade do serviço de telefonia e Internet que será proporcionada com a infraestrutura.