Nelson Valêncio – 13.11.2019 –
Infraestrutura poderá ser compartilhada por operadoras na capital mineira e vai usar dutos já instalados na área central da cidade.
O compartilhamento de infraestrutura de telecomunicações, um modelo praticamente impensável há alguns anos, começa a ganhar espaço no Brasil. É claro que já existe a troca (swap) entre operadoras, com acordos estratégicos de ativos, mas a iniciativa da American Tower é levemente diferente: ela tem uma rede óptica e oferece a infraestrutura. A primeira fase do seu projeto é a oferta de cabeamento óptico na área central de Belo Horizonte. A oferta da companhia envolve uma arquitetura de fibra até a casa do usuário (FTTH) e vai até o chamado terminal de linha óptico (OLT), que faz uma interface, grosso modo, com os terminais instalados na casa do assinante, a última milha de fato.
Ela não vai oferecer o serviço de FTTH em si e sim a infraestrutura, daí a denominação de neutra para sua rede. O potencial da malha ofertada na capital mineira é de 300 mil home passeds, ou seja, cerca de trezentas mil casas potenciais de serem cobertas por meio da interligação com o backbone principal. “O modelo e tecnologia permitem às operadoras oferecer serviços de telecomunicações, como TV, banda larga e voz, a seus clientes residenciais e empresariais sem a necessidade de investimento em infraestrutura de rede”, resume o comunicado oficial da American Tower. De acordo com a empresa, a infraestrutura da capital mineira soma 15 mil km de fibra óptica, um legado adquirido da Cemig Telecom, entre rede aérea e subterrânea.
“A companhia torna-se pioneira no Brasil com o modelo que conta com toda a eletrônica necessária para otimizar o compartilhamento das fibras ópticas da rede externa” , argumenta Abel Camargo, diretor de Estratégia e Novos Negócios da American Tower do Brasil. De acordo com ele, o novo modelo é disruptivo porque “propõe o uso compartilhado de uma rede óptica a todos os players, replicando a sinergia do modelo de torres ao evitar a redundância de investimentos e uso de espaço, ainda hoje tipicamente realizado individualmente por cada player ao construir sua própria infraestrutura”.
Camargo acredita também que o mesmo conceito pode ser até mais aplicado em cidades menores, onde o desafio torna-se maior com relação aos retornos esperados para investimentos individuais em infraestrutura por operadoras e provedores de internet, os chamados ISPs. A operação e manutenção da rede continua sendo da American Tower e as operadoras – que usarem a infraestrutura – respondem pelo serviço que vão oferecer.