Infraestrutura digital ganha espaço com a crise

Nelson Valêncio – 11.05.2020 – O impacto da pandemia de coronavírus na infraestrutura vai além da redução drástica da mobilidade urbana e da diminuição do consumo de energia. Ela também atingiu a infraestrutura digital. Mas de outra forma. Apesar de digital, parte dessa infraestrutura tem um pé fincado no mundo físico, ou seja, nas redes […]

Por Redação

em 11 de Maio de 2020

Nelson Valêncio – 11.05.2020 – O impacto da pandemia de coronavírus na infraestrutura vai além da redução drástica da mobilidade urbana e da diminuição do consumo de energia. Ela também atingiu a infraestrutura digital. Mas de outra forma. Apesar de digital, parte dessa infraestrutura tem um pé fincado no mundo físico, ou seja, nas redes de transmissão de dados, imagem e voz (no passado a ordem começava com a voz). Aqui no Brasil, a demanda maior por banda larga provocou iniciativas de grande operadoras e de provedores regionais de telecomunicações.

A expansão da malha de fibra óptica, por exemplo, ganhou mais impulso. Desde o começo do ano as redes desse tipo já são a principal infraestrutura física que dá vazão ao trafego de banda larga com fio. Quem é do ramo sabe que a demanda da telefonia móvel também pressiona pelo aumento de redes ópticas. E não estamos falando apenas em diversão, ou seja, uso do celular para assistir séries ou outra atividade do tipo. Tenho feito várias reuniões a trabalho usando o WhattsApp. Sendo adepto do home office, vi um aumento da modalidade de trabalho com a pandemia.

E não estou sozinho. Há um grupo considerável de pessoas trabalhando em regimes flexíveis e isso exige bastante da rede. Duas pesquisas recentes clareiam o assunto. A primeira é um levantamento da Mercer, com 609 empresas, que indica que 78% delas têm adotado algum tipo de flexibilização de trabalho com a pandemia. Ou seja, elas adotaram home office, trabalho remoto ou jornada flexível. É importante lembrar que 15% oferecem as alternativas apenas devido à pandemia.

Esse último grupo deveria pensar melhor se considerarmos uma segunda pesquisa, dessa feita realizada pela área de Inteligência de Negócios Digitais da Fundação Getúlio Vargas. O levantamento coordenado pelo professor André Miceli mostra que as organizações tidas como inovadoras tiveram maior facilidade e velocidade no processo de adoção do modelo de home office.

As informações só confirmam o sinal ainda mais verde para quem detém a infraestrutura digital. Dados do site especializado Infrastructure Investors mostram um olho mais aguçado dos fundos de investimento pelos ativos de infraestrutura digital. Há, inclusive, nichos especializados em redes de fibra óptica, data centers e torres de telecomunicações. Em reportagem de 11 de maio desse ano, o site indica que fundos como o francês InfraVia apontam ativos de fibra óptica com tecnologia FTTH – que chega até a última milha – como atrativos e puxados por players que não se limitam às grandes operadoras.

Por aqui, estamos falando, é claro, dos provedores regionais, o mercado determinante na expansão das redes ópticas e o queridinho dos fornecedores de soluções. Lembro-me de uma conversa em Olinda onde um especialista já tinha feito um cruzamento interessante: as redes físicas em fibra óptica de provedores regionais com a demanda por uma infraestrutura para cidades digitais. O mesmo se aplica aos data centers, não necessariamente os grandes, mas as construções menores e descentralizadas.

Assim como temos apenas indicações de como a pandemia tem se comportado – tudo ainda é incerto – não podemos estabelecer verdades incontestáveis sobre a infraestrutura digital. Por outro lado, é provável que ela saia dessa crise como um dos ramos  mais beneficiados de infraestrutura.