Julio Martins – 15.09.2021 – Crescimento populacional e a luta contra as mudanças climáticas dão mais destaque para edifícios mais eficientes, seguros e conectados
É fato que, com o aumento populacional e a maior necessidade de desenvolvimento, as cidades estão crescendo e mudando rapidamente. Com isso, sem um planejamento adequado ou sem um investimento tecnológico, diversos problemas começam a surgir, sendo o impacto negativo no meio ambiente um dos principais. Mesmo que cubram apenas 3% das terras do planeta, as cidades já são responsáveis por cerca de 72% do total de emissões de gases de efeito estufa.
Os dados nos levam à conclusão que, na luta contra as mudanças climáticas, nossas maiores batalhas devem ser travadas nas cidades. O conceito de smart city tem ganhado grande destaque em diversas regiões do mundo. Como consequência, o que chamamos de prédios inteligentes, edifícios eficientes, seguros, ágeis e sustentáveis, têm tido cada vez mais atenção e investimentos. Isso porque a relação entre smart cities e smart buildings é muito mais intensa e necessária do que conhecemos popularmente.
Os edifícios são um componente central nas cidades inteligentes. Eles têm uma variedade de propósitos muito vasta – como ser um local para refeições e compras, para dormir, aprender ou trabalhar. Desse modo, ajudam as cidades a se tornarem mais sustentáveis, resilientes, hipereficientes e centradas nas pessoas.
Nesse sentido, muitas soluções e tecnologias têm sido criadas para melhorar toda a infraestrutura e os serviços que possam envolver um prédio inteligente. Dois pontos-chave em todo esse processo são a digitalização e a conectividade. Isso inclui a conexão de partes da infraestrutura de um edifício tradicionalmente isoladas: ventilação/refrigeração, iluminação, sensores de ocupação de salas e distribuição de energia.
Além disso, nos últimos anos, vimos a tecnologia Building Information Modeling (BIM), ou Modelagem de Informações da Construção, ganhar bastante força. Desde sua concepção, os novos prédios já são projetados para ser mais eficientes e sustentáveis. Isso porque já é possível criar digitalmente um ou mais modelos virtuais precisos de uma construção, oferecendo suporte ao projeto ao longo de suas fases de desenvolvimento e permitindo análise e controle mais eficientes do que os processos manuais.
Considerando todos esses fatores, a busca por edifícios sustentáveis e com emissão zero de carbono é cada vez mais presente dentro do conceito de smart city. Para o melhor cenário ambiental possível, eles vão precisar se tornar ultraeficientes e estar prontos para contar com uma geração local e renovável de energia, aumentando sua resiliência.
Desse modo, o que antes era algo para o futuro já está sendo visto no presente: fatores como energia renovável e armazenamento de energia integrados à infraestrutura de um prédio. Há, ainda, a disponibilidade de aplicativos inteligentes que analisam e informam os horários mais vantajosos financeiramente para carregar uma frota de veículos elétricos (outra tendência nas cidades inteligentes) e comparar com os melhores horários para armazenar ou usar a energia no local.
Enfim, estamos construindo um caminho para integrar cada vez mais os smart buildings com as cidades inteligentes e os bons resultados estão cada vez mais perto. Todos os integrantes de uma cidade que se estrutura para se tornar uma smart city, como formuladores de políticas, moradores e empresas, podem desempenhar um papel de extrema importância no repensar do planejamento urbano.
Com isso, além dos prédios inteligentes, passaremos a ver uma abordagem circular para energia e serviços públicos, soluções para eletrificação limpa, tecnologia digital inteligente e infraestrutura eficiente.
Julio Martins é vice-presidente da Schneider Electric.