Redação – 01.08.2023 – 88% dos brasileiros não conseguem realizar um financiamento para compra da casa própria, enquanto mais ricos podem adquirir imóveis como forma de investimento
A maioria dos possíveis compradores de imóveis considera inviável adquirir casas ou apartamentos a taxas de financiamento superiores a 11% ao ano. É o que aponta uma pesquisa da Brain Inteligência Estratégia realizada para a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). Segundo o levantamento, juros superiores a 11% ao ano tornam inviável a opção de financiamento para 88,4% dos entrevistados.
Outra constatação é de que os mais pobres são os mais prejudicados pela alta nos juros, uma vez que brasileiros com salário de até R$ 4 mil tendem a ser os que mais recorrem ao financiamento para a compra de imóveis; representando 63% desse grupo. Eles também são os que mais adquirem casas e apartamentos para uso próprio, totalizando 75% dos entrevistados nessa faixa salarial.
O balanço aponta, ainda que, no geral, a maioria dos compradores de imóveis que utilizam o financiamento (83%) têm como finalidade a aquisição para moradia. Por outro lado, pessoas com salários acima de R$ 29 mil são os que mais adquirem imóveis com o objetivo de investimento, correspondendo a 29% desse grupo. Isso indica que o mercado imobiliário ainda atrai investidores de alto poder aquisitivo.
A pesquisa deixa claro que a parcela mais carente é quem mais usa o imóvel de acordo com a função social e depende do financiamento para viabilizar a compra da casa própria, enquanto os compradores com maior poder aquisitivo direcionam seus recursos para investimentos no mercado imobiliário. Dessa forma, os juros altos impactam negativamente a desigualdade social.