O ritmo lento das iniciativas de universalização dos serviços de água e esgoto no País deve atrasar consideravelmente o alcance das metas. O estudo “Avanços do Novo Marco Legal do Saneamento Básico no Brasil de 2024”, do Instituto Trata Brasil, indica que, com o ritmo atual, a universalização só será alcançada em 2070. O estudo também aponta que aproximadamente 32 milhões de brasileiros ainda não têm acesso à água potável e mais de 90 milhões carecem de coleta de esgoto, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, onde a situação é mais crítica.
O prazo previsto para que todos os brasileiros sejam atendidos pelo serviço é 2033, considerado ambicioso. A expectativa é de que os R$ 111 bilhões de investimentos previstos em novas concessões de saneamento – dado do jornal Valor Econômico – consigam acelerar a universalização. Os projetos de privatização envolvem 12 estados, com destaque para grandes iniciativas em Pernambuco e Pará, que serão leiloadas pelo BNDES ainda este ano.
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Sibylle Muller, engenheira civil especialista em saneamento e CEO da NeoAcqua, diz que, com o suporte adequado e a continuidade desses esforços, é possível que o País alcance as metas. “Estamos a menos de uma década do prazo para alcançar a universalização do saneamento. No entanto, ainda enfrentamos grandes desafios, como o fato de que cinco capitais do Norte e três do Nordeste tratam menos de 35% do esgoto gerado. Os investimentos em concessionárias são cruciais para reverter esse cenário e mitigar o problema”, destaca Sibylle Muller.
A grande disparidade no acesso a serviços básicos evidencia a necessidade urgente de acelerar investimentos e implementar projetos eficazes. A falta de saneamento adequado afeta não só a saúde pública, mas também a qualidade de vida e o desenvolvimento econômico das comunidades.
O sucesso das concessões pode melhorar significativamente a infraestrutura de saneamento e trazer benefícios para a saúde pública e a qualidade de vida das populações mais vulneráveis. Se os investimentos não forem robustos ou houver uma desaceleração nos projetos, o país poderá enfrentar sérios problemas de saúde pública e aumentar as desigualdades regionais, como lembra Sibylle.