A engenharia brasileira não é lá tudo isso, mostra Hugo Marques Rosa

Ponte_estaiada Octávio Frias (São Paulo)

“Aprendi que engenharia é fazer com uma moeda o que se deveria fazer com duas. Aqui é o contrário, usam-se quatro moedas quando poderiam usar duas”. Essa é a frase que resume o que Hugo Marques Rosa pensa a respeito do nível da engenharia brasileira. Ele afirma que estamos atrasados e gastamos desnecessariamente. “Veja essa ponte estaiada (o escritório da Método fica próximo à Marginal Pinheiros, em São Paulo): desnecessária. Aprendi que usa-se estais para atravessar grandes vãos em locais onde não é possível fundação. Aqui não era o caso, pois era perfeitamente possível construir a ponte sobre pilares estacados no solo e no rio, que não é de grande profundidade”.

Para ele, há uma distância grande da engenharia brasileira e a de outros lugares do mundo. “E nunca essa distância foi tão grande quanto é hoje”, intensifica. “Há empresas chinesas fazendo 100 km de túneis de metrô por ano. Isso é próximo do que se fez no Brasil em toda a sua história”, diz.

Há alguns anos, lembra, ele e sua equipe estiveram em contato com a Samsung, que nasceu no setor da construção e ainda tem essa divisão atuando fortemente, inclusive com a participação nas construções dos maiores prédios do mundo. “No maior prédio de Dubai eles bombearam concreto a 800 metros de altura, fazendo um ciclo de construção de pavimentos no centésimo andar em apenas três dias. Aqui nós não fazemos isso nem no segundo pavimento ainda”, compara.

Ele conclui que a dificuldade obtida para executar a fachada curva – que na verdade é feita de seções retas de esquadrias – nas obras do Infinity Tower, em São Paulo,  demonstra o quão atrasados estamos em relação à Seul, onde há edifício com 40 mil painéis de vidros curvos na fachada, com cores e formatos diferentes uns dos outros. “Uma obra dessas jamais seria feita aqui”, sentencia Hugo Rosa.