AEM alerta para colisão tecnológica no mercado de equipamentos móveis

Da redação – 11.03.2016

Associação americana de fabricantes de máquinas para construção, mineração e utilities indica que forças disruptivas atingem o setor, os distribuidores, locadores e seus clientes finais. 

A disrupção tecnológica também chegou ao mercado de equipamentos móveis na opinião de Al Cervero (nenhum parentesco com o ex-executivo da Petrobras), vice-presidente da área de construção, mineração e utilities da Association of Equipment Manufacturers, a respeitada AEM, dos Estados Unidos. Segundo ele, são três as forças que devem impactar o chamado “triângulo dos equipamentos”, formado pela indústria manufatureira, pelos distribuidores, locadores e outros players e, é claro, pelas empreiteiras e de outros clientes finais como mineradoras.

O trio de forças foi explicado por Cervero em um artigo recente publicado no site da AEM e disponível em inglês na íntegra (http://www.aem.org/news/march-2016/disruptive-forces-threaten-equipment-triangle/). São elas

Os fabricantes estão construindo equipamentos cada vez mais e mais sofisticados

As máquinas atuais não somente informam todos os dados sobre seu desempenho, como também comunicam a seus operadores a extensão das estradas que pavimentam ou a quantidade de fibra óptica ou de tubulações que elas instalam. E isso em tempo real. Outros dados possíveis envolvem as toneladas de terra movimentadas no trabalho de fundação, entre outros recursos já existentes. “Os equipamentos atuais podem ser personalizados para prover qualquer tipo de informação que seja importante para se ter o controle do trabalho”, resume Cervero. Em muitos casos, a sofisticação tecnológica significa devolver o ar captado para combustão em melhores condições do que o seu estado natural. Alguns lugares, diz ele. Não em São Paulo, com certeza

Tecnologia de suporte anda na velocidade da luz

De acordo com o executivo da AEM, os recursos atuais incluem o envio de drones a campo, conectados com os desenhos de projetos em CAD, permitindo o cruzamento de informações. Ou seja, as medições de topografia acontecem em tempo real e informam os operadores de motoniveladoras continuamente. De forma simplificadas, os equipamentos em campo, caso dos tratores, tornam-se nada mais do que pontos numa “impressora 3 D que movimenta a terra”. Em breve, Cervero lembra que teremos drones conectados a satélites e que podem ser controlados via web. “Nós temos dados históricos do desempenho de equipamentos em projetos já finalizados, o que permite criar simulações em vídeo 3D para novos empreendimentos”, diz ele. Com isso, o especialista avalia que os padrões de tráfego na obra e outras fases dos projetos greenfields poderão ser avaliados antes mesmo de se iniciar a licitação. O avanço também chega à segurança, pois pessoas envolvidas nas obras – e identificadas com chips ou tags de RFID (identificação infravermelho) podem ser facilmente rastreadas pelos equipamentos

Operadores veteranos não estão interessados em treinar a nova geração

Para Cervero, há uma força de trabalho que está prestes a se aposentar e que não está interessada em treinar a nova geração de técnicos em campo, responsáveis pelos serviços de reparo e manutenção. Para ele, não há um sistema que pressione o mercado para a reciclagem necessária. A indústria também teria pouca coordenação para atrair a nova geração e entende pouco o cenário atual e o que há por vir. E mais: não há uma visão da indústria para mostrar as pessoas o quanto o universo do “triângulo de equipamentos” pode ser interessante e desafiador.

Para Cervero, o setor não deve lutar contra a realidade e sim entender como as três forças disruptivas podem ser usadas a favor da “pavimentação” de uma estrada de futuro. Entre as iniciativas, ele lista o entendimento do que é será a infraestrutura nos próximos anos (a AEM tem um paper sobre isso, citando 2050 como um passo futuro) e os programas de treinamento e engajamento das novas gerações.