Beatles já eram. Liverpool agora é dos contêineres

Da Redação – 23.03.2017 –

Peel Ports, grupo britânico que investiu recentemente 400 milhões de libras em seu terminal de cargas próprio, aposta na América do Sul

A jogada do operador logístico do Reino Unido (UK) é simples: embora grande parte da movimentação de cargas entre América do Sul e o UK entre pelos portos do Sul, a empresa quer fazer de Liverpool – no Norte – um hub ainda mais importante. Para isso, ela aposta na recente saída do Reino Unido da União Europeia e na expansão do Canal do Panamá, que favorece ainda mais o comércio com a América Latina, com destaque para os países do sul do continente.

A geopolítica não é a única carta da Peels Port: a empresa literalmente aportou 400 milhões de libras na construção do Liverpool2, seu terminal no porto da cidade dos Beatles. O projeto compreende um novo cais, recuperação de terras de 16 hectares, dragagem para construção de um ancoradouro de 16,5 metros de profundidade, instalação de oito guindastes pórticos nos cais (ship-to-shore quay cranes) de largura 24 e um guindaste de ponte montado nos trilhos de cantilever 22, bem como trabalho de infraestrutura de suporte.

O porto de Liverpool já é importante – movimenta 40% das importações de granéis agro-alimentares da América Latina – mas pode crescer ainda mais. Como? Cerca de 90% do 1,6 milhões de toneladas de produtos alimentares e bebidas entram pelos portos sulinos do UK, mas o entorno de Liverpool tem a mais elevada densidade de processamento de alimento e bebidas do Reino Unido. Bingo.

A construção civil também pesa a favor do Norte: o Reino Unido importa mais de 170 mil toneladas de madeira compensada da América do Sul e 95% dela entra via portos do sul apesar de um quarto de toda a construção habitacional atual na Inglaterra se concentrar na região Norte. O Liverpool2 pode receber produtos florestais em contêineres de navios com capacidade para até 20.000 TEU, segundo a Peel Ports. Bingo 2.