Big data pode melhorar o tráfego aéreo brasileiro

Da Redação – 07.10.2015 –

Especialistas da McKinsey destacam como a tecnologia pode desentravar os congestionamentos, não só em aeroportos como em terra.

Ninguém gosta dos atrasos de voo e muito menos de ficar parado no trânsito. Na verdade, não se trata apenas de não gostar. Há um custo por trás disso. No artigo Big data versus big congestion: using information to improve transport, Carl-Stefan Neumann, diretor do escritório da consultoria McKinsey em Frankfurt, mostra as perdas. O consultor destaca que somente na Europa os congestionamentos custam 1% do PIB. Já nos Estados Unidos, os atrasos de voo geram, sozinhos, custos de US$ 6 bilhões para a economia.

Segundo Neumann, é possível tirar mais proveito da infraestrutura atual por meio da manutenção e do gerenciamento inteligente dos ativos já existentes. A McKinsey calcula que US$ 400 bilhões poderiam ser economizados com essa estratégia. E o Brasil aparece entre os exemplos. Se a expectativa de aumento de tráfego aéreo acontecer, nossos aeroportos alcançarão o nível de 310 milhões de passageiros por ano.

Para evitar o congestionamento aéreo brasileiro, Neumann avalia como positiva a iniciativa de introduzir um sistema que aproveita os dados de GPS para otimizar o uso do espaço disponível. O recurso permite uma separação menor entre as aeronaves e rotas mais curtas.

Em vez de alinharam-se em fila, criando uma espécie de rodovia aérea para a aterrissagem, como acontece normalmente, o novo sistema faz com que cada aeronave crie seu próprio caminho de voo. De acordo com o consultor, a primeira aplicação do sistema no país está sendo feita no Aeroporto de Brasília, com economia de 7,5 minutos na operação de aterrissagem e 77 galões de combustível, assim como menos 22 milhas náuticas em média.

Três barreiras impedem ampliação da tecnologia

Neumann informa que o sistema deverá ser ampliado para outros aeroportos no país. Na América do Norte, incluindo Canadá e Estados Unidos, a tecnologia teria permitido que os aeroportos locais aumentassem sua capacidade entre 16% e 59%, dependendo das condições de cada um. Por trás das implementações, há muitos, muitos dados. O que exige a tecnologia do Big Data para gerenciar o volume.

Para o consultor alemão, há três grandes barreiras que complicam a adoção de mais tecnologia de Big Data na área de infraestrutura. A primeira delas é a falta de transparência, uma vez que o setor de transportes envolve redes complexas e com muitos participantes. Um aeroporto, por exemplo, tem inúmeras companhias aéreas, várias empresas de logística e por aí vai.

A segunda questão é como dividir os custos e benefícios de compartilhar as informações, pois diferentes empresas nem sempre têm os mesmos objetivos. Enquanto as companhias aéreas querem despachar rapidamente seus passageiros, as lojas dentro dos aeroportos querem retê-los o máximo possível.

As limitações regulatórias formam a terceira barreira, na avaliação de Neumann. Para ele, infraestrutura, em muitos casos, é um monopólio natural, o que acentua o papel regulador dos governos. A resposta para o autor envolve maior transparência, compartilhamento equitativo das informações e regulação responsável. A conferir, se possível sem atrasos.