Britânicos trazem inteligência para o mercado brasileiro de energia

Por Thomas Tjabbes – 1 de abril de 2014

Em missão, dez empresas inglesas apresentaram soluções inteligentes para redes de transmissão e de distribuição de energia

Com mais de 200 milhões de habitantes e uma indústria consolidada, o Brasil é o maior consumidor de energia da América Latina e um dos dez do mundo. E a demanda atual deve dobrar até 2030. Com isso, além de expandir a infraestrutura de geração, de transmissão e de distribuição, o país precisa integrar essa malha. Ou seja, a rede torna-se, pouco a pouco, uma smart grid, como o conceito de redes inteligentes é conhecido em inglês. Uma das iniciativas para incrementar o “QI” da malha de energia é o investimento na rede final que chega até nossas casas, mais especificamente nos medidores de consumo. O país tem nada menos do que 63 milhões deles e a gigantesca maioria é analógica. Trata-se de um mercado bilionário e que vai exigir pelo menos uma década para a substituição de grande parte dos dispositivos atuais.

Não é difícil entender porque várias empresas estão de olho nesse potencial e as corporações inglesas não são exceção, principalmente porque estamos sendo apontados como um dos seis mercados mundiais para negócios em smart grid. “O Brasil está a caminho de se tornar um grande ator mundial de energia e o Reino Unido pode contribuir, consideravelmente, para o desenvolvimento de soluções tecnológicas a serem usadas pelo sistema energético brasileiro”, diz o embaixador britânico Alex Ellis. A fala do diplomata aconteceu durante o encontro promovido pelo consulado britânico em São Paulo, no dia 20 de março.

Evento
O Congresso fez parte da programação de visitas de dez empresas britânicas fornecedoras de soluções de smart grid ao Brasil e foi organizado pelo United Kingdom Trade and Investment (UKTI), com participação ativa do vice-consulado do Rio de Janeiro. De acordo com Adriana de Queiroz, gerente comercial de Energia Elétrica e Renovável do UKTI na capital fluminense, o foco do encontro foi nas concessionárias, cujo aumento da eficiência das redes de energia aguarda vários testes em andamento, tanto na malha de transmissão como na de distribuição.

Para o vice-cônsul do Reino Unido no Rio de Janeiro, Matt Woods, os resultados da missão, como um todo, foram positivos e iniciaram uma discussão sobre investimentos a longo prazo, bem como o intercâmbio de experiências e projetos relacionados a essa área. “A questão não foi sobre venda de tecnologia ou projetos a curto prazo”, argumenta Woods. Segundo ele, durante a visita, os britânicos conversaram com autoridades estaduais e federais para incentivar o uso da tecnologia e criar um relacionamento binacional. “Por conta do tamanho do mercado de energia brasileiro, há muitos espaços para investimentos e introdução de novas soluções, o que incentiva o relacionamento com as empresas de tecnologia do setor”, completa.

Além de São Paulo, a missão também visitou outras duas capitais – Belo Horizonte e Rio de Janeiro – e esteve em Sete Lagoas, cidade mineira que sedia os projetos Cidades do Futuro e Conviver, iniciados em 2009 pela Cemig e que envolvem investimento de aproximadamente R$ 45 milhões. O objetivo dos programas é o de conscientizar e orientar as comunidades sobre o desperdício de energia e digitalizar parte do sistema de medição da cidade. Na capital mineira, os empresários britânicos reuniram-se ainda com o secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado de Minas Gerais para discutir possíveis parcerias no setor de redes inteligentes. O rol de contatos das empresas britânicas ainda contemplou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a AES Eletropaulo e associações setoriais como ABDI e IBDE.

Operacionalmente, o UKTI é uma rede de consultores internacionais que auxiliam as empresas do Reino Unido em ações de relacionamento e investimento. A instituição também contribui para trazer investimentos estrangeiros para os países que formam o UK. Já a missão de visita ao Brasil foi financiada pelo Prosperity Fund Programme, entidade governamental voltada às políticas exteriores envolvendo mudanças climáticas, segurança energética e desenvolvimento de economias emergentes.