Cadê os Batalhões de Engenharia, capitão?

Rodrigo Conceição Santos – 16.01.2018 –

Informação direto do Senado Federal: “Para fugir de disputas judiciais, gastar um orçamento que está parado e permitir a inauguração ainda no atual mandato do presidente, o governo federal decidiu assumir, com o Exército no comando, três dos oito trechos da maior obra de rodovia prevista no país. Batalhões de Engenharia e Construção (BECs) vão fazer a duplicação e a reforma de 142,5 quilômetros, dos 335,7 quilômetros, da BR-101 no trecho chamado Corredor Nordeste, nos acessos às capitais do Rio Grande do Norte, da Paraíba e de Pernambuco, num empreendimento orçado em R$521,805 milhões. O custo total da obra (os oito lotes) está orçado em R$1,5 bilhão”. O link dessa informação é: https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/394434/noticia.htm?sequence=1.

Como pôde conferir, esta é uma publicação de 2005. Em 2007, como repórter de uma revista especializada em construção pesada, estive lá. Combinei com o General responsável pelo 1º Grupamento de Engenharia do Exército uma reportagem sobre as obras, já a pleno vapor. Depois da ponte aérea, um taxi direto para o Grupamento e um chá de cadeira de oito horas promovido por um Major que simplesmente não gostava de jornalistas. Escapei pela tangente e o encontrei o General num coffee break. Ele prontamente me atendeu numa mega sala de reuniões. Ordenou que um Coronel tomasse as providências com o Major e otimizou a minha visita aos trechos de obras, concedendo entrevistas e informações técnicas adicionais.

Menos de dois anos depois, os cidadãos do Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco trafegavam entre os estados por uma rodovia inteiramente duplicada, pavimentada com pista de concreto e cuja base recebeu um sistema de drenagem de primeiro mundo, instalado meses antes da terraplanagem para garantir o escoamento de toda a umidade do solo mole daquela região.

Outras intervenções semelhantes ocorreram nesse período. Algumas um pouco antes também, como a abertura das clareiras para a implantação do gasoduto Urucu-Manaus, que passa por mais de 600 km dentro da Floresta Amazônica.
Hoje, com as grandes construtoras brasileiras de infraestrutura fragilizadas e uma ocupação de espaço ainda indefinida por empresas estrangeiras ou novas brasileiras que despontem, temos o desafio de encabeçar pelo menos as mais de 7 mil obras paralisadas.

No comando do Ministério da Infraestrutura temos um capitão, egresso dos comandos de engenharia do Exército. Tarcísio Gomes de Freitas, que há quase dois meses goza do status de Ministro (ele foi anunciado como tal em novembro), também já está há 16 dias no cargo e até agora nenhuma palavra sobre a possível atuação dos Batalhões de Engenharia nas grandes obras.

Pela experiência bem-sucedida do passado e pelo conhecimento da estrutura do Exército por parte do novo governo, trago o título desta coluna para a nossa reflexão: Cadê os Batalhões de Engenharia, capitão Freitas?