Com investimento público baixo, problemas em rodovias crescem 26%

Da Redação – 27.06.2016 –

Em 2015, somente 0,19% do PIB foi investido pelo governo federal em infraestrutura de transporte (todos os modais). No modal rodoviário, o aporte foi de R$ 5,95 bilhões. Em 2016, o investimento no setor é um pouco maior, chegando a 6,55 bilhões. E mesmo assim é baixo, como classifica a Confederação Nacional dos Transportes (CNT), que divulgou ontem a sua pesquisa anual sobre a qualidade das rodovias no país, mostrando que os reflexos de investimento público baixo já podem ser percebidos nas estradas.

De 2015 para 2016, houve aumento de 26,6% no número de pontos críticos (trechos com buracos grandes, quedas de barreiras, pontes caídas e erosões), passando de 327 para 414. De acordo com a pesquisa, somente os problemas no pavimento geram um aumento médio de 24,9% no custo operacional do transporte. O estudo abrange toda a extensão da malha pavimentada federal e as principais rodovias estaduais pavimentadas, num total de 103 mil km.

Outro comparativo da pesquisa é que o investimento nesses dois últimos anos está perto da metade dos R$ 11,15 bilhões que o país gasta com acidentes apenas na malha de rodovias federais. “Isso mostra que a distorção a respeitos dos gastos públicos tem causado graves prejuízos à sociedade brasileira”, diz Clésio Andrade, presidente da CNT. Ele calcula que a adequação da malha rodoviária nacional necessite de investimentos de R$ 292 bilhões.

O dobro, no mínimo
Em março deste ano, o InfraROI publicou reportagem na qual Valter Casemiro Silveira, como diretor geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT), admitia a necessidade de que o governo federal voltasse a investir, no mínimo, cerca de R$ 12 bilhões anualmente, como foi praticado em 2012 e 2013 e quando as rodovias foram melhor avaliadas, inclusive pelo estudo CNT.

A falta de investimento público mostra também que somente as rodovias concedidas à iniciativa privada têm conseguido manter qualidade usando a arrecadação de pedágios. Das 20 melhores rodovias avaliadas pelo estudo, 19 são concedidas e a Rodovia dos Bandeirantes, em São Paulo, continua sendo a melhor delas.

ROI em concessão rodoviária: 30% de lucro está bom?

O estudo da CNT também constatou que 58% das rodovias federais apresentam algum tipo de problema no pavimento, na sinalização e na geometria da via. No pavimento, 48% dos trechos avaliados receberam classificação regular, ruim ou péssimo. Na sinalização, 51% tinham deficiência e na variável geometria da via foram constadas falhas em 78% da extensão pesquisada.