Redação – 30.10.2023 – Software do CEPETRO/Unicamp alia geofísica e computação para “enxergar” o petróleo e já começa a ser utilizado pela Petrobras
Você já se perguntou como é que a Petrobras descobriu como existia petróleo nas camadas do Pré-Sal? Primeiro, tudo ocorre a aproximadamente 300 quilômetros da costa brasileira. Depois, é preciso descer bastante. Existem poços com 7 mil metros de profundidade no total, sendo 2 mil de coluna d’água, em alto mar, e depois mais 5 mil metros de perfuração no assoalho marinho. Pressão e temperaturas altas também são complicadores do processo.
A tecnologia é a resposta para isso e a Petrobras acaba de premiar o Centro de Estudos de Energia e Petróleo (CEPETRO) da Unicamp por uma invenção que pode ajudar nesse tipo de desafio. A equipe do High-Performance Geophysics Laboratory (HPG Lab) venceu o prêmio “Inventor Petrobras 2023” ao aliar aliou conhecimentos de geofísica com os de computação de alto desempenho.
O HPG Lab já patenteou sua metodologia, que vem sendo usada em campo, em condições de produção, pelos técnicos da Petrobras. Os especialistas fazem o levantamento sísmico de uma área pré-definida com o uso de um navio, que conta com uma espécie de canhão de ar que gera ondas mecânicas controladas.
Ao disparar para o fundo do mar, os equipamentos no navio captam diferentes sinais, pois a propagação das ondas sísmicas sofre reflexão, refração e ainda se dispersa no meio. A depender do tipo de resposta que volta para os equipamentos do navio, consegue-se obter resultados bastante próximos, de forma indireta, sobre o subsolo.
É uma lógica similar ao sonar de morcegos e outros animais, com a diferença de que é um supercomputador que vai definir o que significa cada resposta recebida. Segundo o HPG Lab, seu método consegue atenuar sinais proveniente das reflexões para que as difrações possam ser melhor analisadas.
Com isso, o geólogo que estiver estudando a região terá uma visão mais abrangente do que realmente existe no subsolo. Os processamentos convencionais são focados nos sinais associados a reflexões e, com isso, detalhes muito pequenos das rochas acabam não refletindo e, portanto, não surgem na análise.
O que os cientistas do CEPETRO transformaram em uma inovação tecnológica vai ajudar a afinar a busca por petróleo no interior das camadas de Pré-Sal e, também, a melhorar os próprios processos de produção.Na prática, é como se as ondas mecânicas difratadas (ou espalhadas) e refletidas fossem usadas, em separado, para redesenhar o que existe no subsolo.
A parte matemática e computacional do processo tecnológico também permite que imagens em 5D das áreas analisadas sejam geradas. Com essas informações os geólogos vão ter como escolher melhor por onde a exploração de petróleo tende a seguir.
A patente da tecnologia está registrada pelo CEPETRO e pela Petrobras, que financiou o projeto, em partes iguais. O contrato permite o compartilhamento da propriedade intelectual para terceiros.