Déficit habitacional nos BRICs: “se hoje é ruim, amanhã será pior”

Por Thomas Tjabbes – 10 de abril de 2014

O pessimista – ou realista – filósofo alemão Shopenhauer teria dito a frase entre aspas do nosso título. Com algumas modificações, ela poderia ser aplicada ao cenário que marca o déficit habitacional dos chamados BRICs. Os dados são do seminário Rics International Summit, realizado no final de março desse ano em São Paulo. Organizado pelo Royal Institution of Chartered Surveyors (Rics), entidade inglesa que reúne especialistas do mercado imobiliário e de construção, o evento reuniu profissionais de vários países. Voltando aos prognósticos sobre os BRICs: apesar se sua situação ruim, o Brasil se sai melhor do od companheiros Índia e China. Temos um déficit de 5,6 milhões de moradias, sendo 1 milhão delas na área rural.

No caso da Índia e da China, o problema é ainda mais sério. A pesquisadora Estela Lutero, da Universidade de St. Andrews, do Canadá, apresentou um estudo que mostra os horrores do outro lado do mundo no quesito moradias. Com 2,6 bilhões de habitantes, os números dos dois países são igualmente impressionantes, mas o tempo corre mais rápido para os indianos, que tem uma taxa de natalidade de 1,3% e um PIB menor do que os chineses. Estela afirma que 81% da população vive na extrema pobreza, com renda inferior a US$ 2,50/dia. O déficit de moradia chega a 19 milhões ou três vezes mais do que a nossa. E pode piorar, considerando que entre 65 milhões e 95 milhões moram em favelas e outros 1,8 milhão têm as ruas como moradia.

A China, apesar do crescimento de 7% a 10% do PIB ao ano, tem uma alta taxa de urbanização e todas as complicações que isso acarreta. O déficit de morarias seria de 40 milhões. O número de pessoas vivendo em favelas chegaria a 40 milhões, dados que Estela ressalta são oficiosos. Ou seja, sem uma estatística transparente, é possível que as métricas apontadas pela especialista canadense sejam ainda maiores. Mas, o que há em comum entre os três BRICs? Segundo Estela (que não trouxe dados sobre a Rússia), há coincidências como o baixo investimento em infraestrutura para as regiões periféricas – para onde tem migrado a urbanização – e a alta especulação imobiliária, fora a burocracia excessiva e a corrupção.

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