No dia de São Pedro, Alckmin inaugura obra que deve aliviar a crise hídrica

Por Rodrigo Conceição Santos – 30.06.2015 –

Com investimento de quase R$ 30 milhões, adutora que retira água do rio Guaió, na cidade de Suzano, incrementará em 1 m³ por segundo o sistema Alto Tietê. Essa é a primeira, de três grandes obras que devem garantir o abastecimento dos paulistas até o próximo verão.

Alckmin inaugura obra ao lado dos profissionais da Sabesp e fornecedores de tecnologia
Alckmin inaugura obra ao lado dos profissionais da Sabesp e fornecedores de tecnologia

Nesta terça-feira 29, na divisa de Ferraz de Vasconcelos e Suzano, qualquer semelhança com o dia de São Pedro foi mera coincidência. Mas foi justamente o dia que o Governo de São Paulo escolheu para inaugurar a primeira, das três grandes obras previstas para ampliar em 6 m³ por segundo o volume de captação de água para as represas que abastecem a Região Metropolitana de São Paulo. Isso equivale a quase metade, dos 13,5 m³ por segundo que o sistema Cantareira capta, e as obras têm o intuito de amenizar o desespero que este período de seca reserva aos paulistas.

A Adutora Guaió-Taiaçupeba levará 1 m³/segundo do Rio Guaió ao Rio Ribeirão dos Moraes, afluente do Rio Taiaçupeba-Mirim que, por sua vez, deságua na represa Taiaçupeba, integrante do sistema Alto-Tietê. “Neste dia de São Pedro, inauguramos esta adutora – que é a primeira, de três grandes obras do gênero que inauguraremos até setembro deste ano – para mostrar que não estamos esperando só pelo Santo para garantir o abastecimento de água da Grande São Paulo no período de estiagem”, disse o Governador.

A obra foi realizada em tempo recorde (começou em fevereiro deste ano), segundo ele, e conta com 9 km de tubulação de 80 polegadas de diâmetro, além de uma estação elevatória equipada com quatro conjuntos de motobombas a diesel, fornecidas pela Itubombas.

Com investimento total de R$ 28,9 milhões, a nova adutora capta água suficiente para abastecer mais de 300 mil pessoas. “Com essa obra, mais as duas que deveremos entregar em julho e setembro, agregaremos captação capaz de abastecer até 2 milhões de pessoas”, diz Alckmin.

As obras comentadas por ele são, respectivamente, uma adutora para captar 1 m³/s ao sistema Guarapiranga e outra para incrementar em 4 m³/s o sistema Rio Grande. “Esse acréscimo, somado ao consumo responsável da população, nos permitirá descartar a possibilidade de racionamento até o próximo verão”, complementa.

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Alckmin revela que as obras não foram realizadas antes porque os reservatórios não detinham tecnologia capaz de tratar novas águas captadas. Hoje, segundo ele, há sistemas de tratamento por membranas ultrafiltrantes em instalação, permitindo a captação ampliada para os reservatórios de Guarapiranga, Rio Grande, Alto Tietê e Alto Cotia, visando reduzir a retirada de água do sistema Cantareira. “Como iremos ampliar em 6 m³ opr segundo a captação para esses outros reservatórios, poderemos reduzir proporcionalmente a captação da Cantareira, que hoje é de 13,5 m³/s e deverá ser de no máximo 10 m³/s a partir de setembro, quando pode chegar a até 7,5 m³/s”, diz o Governador, garantindo que essa matemática significa a preservação da Cantareira até o próximo período de cheia.

Diferencial tecnológico
Para Francisco J. F. Paracampos, superintendente da unidade de negócio Centro-MC, da Sabesp, a estação elevatória composta por três motobombas operacionais e uma reserva, todas do modelo ITU86C17, da Itubombas, foi o diferencial tecnológico da Adutora Guaió-Taiaçupeba.

Motobombas da adutora Guiaó-Taiaçupeba
Motobombas da adutora Guiaó-Taiaçupeba

Esses equipamentos estão instalados em regime paralelo, de modo que as três unidades operacionais funcionarão cerca de 12 horas por dia, podendo estender o período para 24 horas se a Sabesp avaliar necessário. O equipamento reserva é acionado automaticamente se algum dos demais for paralisado por qualquer motivo que seja. “Além das motobombas, fornecemos os mangotes que interligam a tubulação de sucção às motobombas e toda a automação necessária para o funcionamento autônomo dos equipamentos”, diz Rodrigo Law, diretor da Itubombas.

Alimentadas por diesel, as motobombas são do tipo autoescorvante, o que significa que não precisam retirar o ar do sistema antes de funcionar. Segundo Rodrigo Law, esse é um diferencial do equipamento em relação às bombas convencionais do mercado, que só funcionam se estiverem preenchidas com água. “A nossa tecnologia trabalha a seco, o que significa que ela pode ser acionada para realizar sucção até a água chegar ao sistema, otimizando o fornecimento”, explica.

Na estação elevatória da adutora Guaió-Taiaçupeba, a distância das bombas para o Rio de onde a água é succionada é relativamente grande, de 70 metros, e esse é outro parâmetro que comprova a eficiência e a potência dos equipamentos. De acordo com o diretor da Itubombas, se fossem bombas convencionais, a distância deveria ser menor, o que poderia ampliar o risco operacional da adutora. Outra possibilidade seria a instalação de vários outros equipamentos para atender a demanda. “As motobombas ITU86C17, com vazão de 500 m³ por hora cada, foram produzidas de modo customizado, na nossa planta fabril na cidade de Itu, em conjunto com os especialistas da Sabesp”, diz ele. “Por isso elas estão em perfeito dimensionamento – e com sobra técnica – para atender a demanda da adutora”, conclui.