Empresas de óleo e gás buscam medidas para combater corrupção. Iniciativa não se limita ao setor, segundo levantamento da Amcham

Da redação – 30.05.2016 –

Em seminário realizado pelo IBP, especialistas indicaram principais temas que preocupam o segmento em relação à compliance. Encontro aconteceu no Rio. Em São Paulo, sondagem da Amcham apontou que o assunto é foco de vários empresários e a entidade organiza visita aos EUA em setembro para conhecer como os americanos tem tratado o tema. 

Transparência. Compliance. Medidas anticorrupção. Os nomes mudam, mas o foco é o mesmo: combate a toda sorte de fraudes, relacionamento inadequado com fornecedores e outras práticas. Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustível (IBP) abordou o assunto entre seus associados, reunindo especialistas de três empresas: FTI Consulting, Ropes & Gray e Chediak Advogados. A pauta? Necessidade de um programa de compliance eficiente dentro das empresas de óleo e gás.

O assunto ganhou protagonismo em função da crise mundial do segmento, causada pela queda livre do preço do barril. Na avalição do IBP, o problema está forçando os diretores de companhias do setor a criarem alternativas para melhorar a gestão do orçamento anual que administram. “Com base nesta necessidade, muitas empresas têm buscado programas efetivos de compliance, que podem auxiliar a reduzir os custos com investigação e multas, pois antecipam os problemas para que os mesmos não venham à tona”, diz textualmente a nota oficial a respeito do encontro.

“Um programa de compliance efetivo tem como objetivo prevenir e identificar a má conduta dentro da organização e apresentar uma solução”, afirmou Nicholas Berg, sócio do escritório norte-americano de advocacia Ropes & Gray. Já Rafael Gomes, sócio da Chediak Advogados, argumenta que há uma percepção maior em relação ao tema.

Entre os tópicos abordados, o workshop avaliou a importância de uma avaliação de risco tone at the top; o que fazer internamente e o que terceirizar; como minimizar os riscos e custos de terceiros; como gerenciar com eficiência uma investigação interna, entre outros. “Também é preciso saber lidar de forma eficaz com questões relacionadas à disciplina, remediação e como e quando reportar tais incidências”, avalia Cynthia Catlett, diretora executiva da FTI Consulting.

Pesquisa da Amcham confirma tendência

O IBP não é a única instituição que avalia os desdobramentos da procura por maior transparência nos negócios. Uma pesquisa lançada semana passada pela Câmara de Comércio Americana (Amcham), de São Paulo, indica que o assunto faz parte da pauta dos empresários. Segundo a Amcham, 92% deles buscam capacitação em compliance. A alta demanda, inclusive, levou a entidade a promover uma missão empresarial aos EUA com agenda em Nova York e Washington. A visita acontecerá em setembro.

De acordo com a Amcham, a sondagem que foi a base da pesquisa envolveu 121 empresários e mostrou que a maioria (72%) sinalizou que pretende buscar no mercado internacional casos de sucesso de companhias concorrentes ou do mesmo do setor de atuação.

Na lista de interesse das empresas aparecem temas como fundamentos prioritários na execução de programas de integridade; ações de prevenção à fraude e relacionamento com fornecedores; e pilares de desenvolvimento de uma cultura interna ética com líderes e colaboradores em geral.

A missão acontecerá de 10 a 16 de setembro e será destinada a empresários e executivos de qualquer segmento/porte que possuam alguma relação ou interesse nessas temáticas. Além de órgãos e agências governamentais norte-americanas, o grupo participará do evento do Washington DC Regional Compliance & Ethics Conference, organizado pela SCCE (The Society of Corporate Compliance and Ethics), envolvendo os principais especialistas internacionais no tema.