EUA pavimentam, e com concreto, setor cimenteiro até 2020

E podem haver buracos nessa pista, como a baixa ociosidade da capacidade produtiva das indústrias de cimento, e é aí que exportadores como o Brasil podem se beneficiar dessa pujança.

Por Rodrigo Conceição Santos (03.02.2016 – De Las Vegas) – 

Foto de Divulgação Wirtgen Group
Foto de Divulgação Wirtgen Group

O mercado de construção cresceu 6,1% nos Estados Unidos em 2015. As vendas de cimento também cresceram, mas em ritmo menor (3,8%). O deságio se deve, principalmente, ao avanço além do natural em 2014, quando o incremento foi de 8,4% sobre o ano anterior nesse nicho. Os dados são da America’s Cement Manufacturers (PCA) – associação que realiza a pesquisa anual “Cement Market 2015 Performance” – e foram apresentados hoje, durante coletiva de imprensa na World of Concrete, evento do qual o InfraROI é parceiro e realiza a cobertura nesta semana em Las Vegas.

No ano passado, foram 106,7 milhões de toneladas de cimento comercializados nos EUA e para 2016 a PCA estima incremento de 5% sobre esse montante. Prevendo cenário favorável, para 2017 o crescimento projetado é de 5,7%, fechando um ciclo de informações que leva a crer que os norte-americanos já pavimentaram, e com concreto, o crescimento do seu setor cimenteiro para até 2020.

Para Edward Sullivan, vice-presidente e economista-chefe da PCA, há uma conjuntura de fatores favoráveis nesse mercado atualmente e o primeiro ponto é o crescimento do Produto Interno Bruto, de 2,4% tanto em 2014 quanto em 2015, e o projetado de 2,6% para este ano.

Mas, segundo ele, há também fatores de cautela que ainda remetem ao período de recessão econômica de 2008 e 2009. “A recessão atingiu duramente o emprego na construção civil, com 2,9 milhões de trabalhadores demitidos nos EUA, o que representou quase 30% do emprego nesse setor”, diz ele.

Além disso, como o ciclo de recuperação da construção é mais longo do que o da economia, na avaliação de Sullivan, hoje os EUA estariam 20% abaixo do pico cíclico de crescimento registrado em 2005 e isso mostra o quão devem avançar para alcançarem patamares realmente animadores. “A vantagem desse período é que a recessão, geralmente, impulsiona o desenvolvimento tecnológico, mas temos de ponderar que os desempregados não têm acesso a isso”, diz.

Oportunidades
Para o Brasil, que ocupou até agora a quarta posição de maior consumidor de concreto do mundo – com 73 milhões de toneladas consumidas em 2015 e imediatamente atrás dos EUA, que são os terceiros maiores consumidores – as oportunidades, além do ingresso de empresas e tecnologias para construção americano, giram em torno do fornecimento de cimento. Afinal, a PCA estima que até 2020 mais de 20% desse insumo será importado. Isso, de certa forma, compensaria o aumento da ocupação da capacidade produtiva de cimento nos EUA, que deve chegar a 82% em quatro anos, ainda segundo a associação.

No ano passado, os EUA importaram menos de 10% dos 106 milhões de toneladas de cimento que consumiram e a sua indústria registrou 76,5% de ocupação da capacidade produtiva.