André Cioffi – 13.11.2020 –
Basta surgir o menor sinal de crise no horizonte para que os investimentos em novos projetos serem sumariamente cortados da lista de ações nas empresas. As razões para isso, evidentemente, não faltam. É preciso considerar as variáveis, economizar quando possível e garantir que os movimentos sejam feitos com muita precisão e cuidado. Mas nem sempre a melhor saída é congelar as ações. Às vezes, investir pode ser a solução para economizar – e parece ser esse o caso, agora, quando falamos de evolução digital e o cenário global imposto pelo coronavírus.
Isso não significa dizer que sua empresa deve sair gastando o que tem e o que não tem para contratar novos serviços e sistemas ou adotar as tecnologias da moda, que estão ganhando espaço pelo mundo afora. Investir na evolução, nesse caso, significa observar e patrocinar o uso de recursos que possam potencializar sua operação, valorizando as riquezas e ferramentas que a companhia já tem. Faz sentido?
Um recente estudo publicado pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) destacou, por exemplo, a importância das ações de pesquisa & desenvolvimento (P&D) para apoiar a retomada da economia nacional. Segundo a análise, o investimento em áreas como automação e inteligência de dados pode ajudar a reduzir os custos operacionais e maximizar a oferta das companhias ao público.
É essa perspectiva que tem levado à valorização das iniciativas de inovação e P&D em tecnologia ao redor de todo o planeta. Não por acaso, apesar da crise, pesquisas globais indicam que o segmento de Tecnologia da Informação deve crescer cerca de 10% em 2020, voltando aos patamares mais elevados de crescimento já no ano que vem. A razão para isso é simples: para tornar seus processos mais eficientes, as organizações estão recorrendo ao uso de soluções de alta inteligência para simplificar e tornar o dia a dia de seus negócios o mais prático e sustentável possível.
Como resultado, vale destacar que aproximadamente dois terços dos executivos das maiores organizações globais acreditam que a pandemia do coronavírus deixará um legado importante acerca das políticas de digitalização, sobretudo em relação à automação das tarefas. Eles acreditam que é a prioridade deve ser revisar e rediscutir seus planos, não para diminuir o ritmo de seus esforços de digitalização, mas, sim, para aprimorar a precisão de suas fábricas e escritórios.
Dessa forma, é preciso deixar claro que os líderes de negócios e de TI não estão sendo convidados, simplesmente, a “investir por investir”. Mais do que isso, o momento exige a reavaliação de processos, o entendimento da cultura organizacional e a percepção do que pode ser melhorado por meio do uso de novos recursos de tecnologia. É possível pensar a evolução digital não como uma etapa específica, mas sim como uma ação contínua e que envolve toda a administração e liderança das organizações.
Nesse contexto, investir agora significa entender a criticidade do momento – com seu apelo único – e buscar alternativas para tornar a rotina das equipes e departamentos mais funcional, equilibrada e produtiva. Do mesmo modo, para alguns setores, realizar essa análise e digitalizar a cadeia representa a chance de manter os negócios em uma condição real de competitividade.
Pense, por exemplo, em tudo que mudou para seu segmento de atuação. Seguramente, temas como segurança cibernética, relevância do e-commerce, eficiência logística e conexão com o cliente ganharam novos aspectos e contornos, indo muito mais além do que provavelmente suas equipes pensavam ser o cenário para 2020. É um enorme desafio, mas investir em inovação pode ser a chave para simplificar essa jornada.
Seja por uma necessidade operacional ou por uma grande oportunidade de negócio, o fato é que investir na evolução digital das operações deverá ser um caminho prático para alavancar o futuro das empresas, com a tecnologia assumindo o grande papel de agente de redução de gastos diários e desnecessários e da descoberta de novos caminhos rentáveis.
O fato é que, no momento, a única opção a ser desconsiderada é ficar parado. Não é hora de gastar com o que não é necessário, mas também não é possível deixar para amanhã o que já deveria ter sido feito ontem. A experiência de quem vive a evolução digital diariamente está aí para ajudar as organizações a serem mais eficientes, superando a crise e seus impactos posteriores. É preciso seguir em frente, deixando de lado quem apenas continuará esperando a tempestade passar para focar em quem decidiu reinventar seu próprio amanhã.
André Cioffi é CEO do Grupo Squadra