Excelência nas rodovias exige rigor técnico e planejamento

Guilherme Ramos (*) – 17.06.2019 –

Embora a mais recente pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes sobre as condições gerais das rodovias brasileiras registra significativa melhora na sinalização das vias, a situação do pavimento continua apresentando índices de deficiência na casa dos 50%. Tal questão, aliada a outras condições adversas, resultou num aumento médio do custo operacional do transporte de cargas no país de 26,7% em 2018. Isso significa que a despesa para o frotista e para todos os que dependem de rodovias – 60% da circulação de mercadorias e 95% de passageiros – poderia ser bem menor se a pavimentação das estradas e vias fosse adequada.

O problema é antigo e, exatamente por isso, as empresas e profissionais que atuam direta ou indiretamente na área de obras rodoviárias, cimento, asfalto e geotecnia têm buscado atenuar esse desafio, ao investir no desenvolvimento e aprimoramento de produtos, equipamentos, tecnologias e serviços, a fim de oferecer soluções eficientes e competitivas para a pavimentação de ruas e estradas no País. As companhias envolvidas nesse segmento conhecem profundamente o que precisa ser feito, mas é preciso haver um trabalho em conjunto com a iniciativa pública para resultar em uma decisão assertiva sobre as quais matérias-primas, equipamentos e metodologia devem ser utilizadas em cada situação.

Uma questão fundamental é o conhecimento sobre esse mercado. Infelizmente, quando se vê nas ruas e estradas tantos buracos, que afetam a vida cotidiana das pessoas e acarretam prejuízos pessoais ou para empresas de diversos segmentos, a sensação é de que a culpa decorre apenas da qualidade da matéria-prima aplicada, seja asfalto ou concreto. Mas, a verdade é que outras variáveis são importantes no processo de pavimentação, como o tipo de equipamento, o procedimento e critério técnico selecionados pela empresa contratada pelo órgão público local para a execução do serviço.

Por esse motivo, é preciso haver uma maior conscientização a respeito de uma obra de recapeamento ou uma operação “tapa buraco” em rodovias e vias públicas. O contratante deve ter uma visão mais ampla sobre todo o processo, incluindo uma avaliação a respeito do volume de tráfego, quais tipos de veículos passam por aquele pavimento e como os agentes naturais atuam sobre o local. Essas informações, somadas ao mapeamento de ruas e avenidas com a quantidade de buracos e a relação de distância entre eles e uma avaliação criteriosa, realizada pelo contratado, sobre o melhor procedimento a ser aplicado na logística de recuperação bem como o dimensionamento correto dos equipamentos e a seleção da matéria-prima, são imprescindíveis para que haja assertividade e produtividade na obra.

Quando o estudo e a seleção do critério técnico são bem planejados, o custo torna-se, na verdade, um investimento, uma vez que a sociedade é beneficiada de diversas formas, como a melhoria da qualidade de vida, menor número de acidentes, menos riscos ao tráfego de veículos e a percepção do bom uso da verba pública. No entanto, se a decisão não for a mais adequada, além dos prejuízos para as pessoas e empresas pela pouca qualidade da pavimentação, haverá ainda mais uma consequência negativa, que é o aporte adicional de recursos para realizar mais uma vez o mesmo trabalho.

 (*) Guilherme Ramos é engenheiro e diretor da Paving Expo & Conference