Falta de estruturação emperra projetos em infraestrutura

Da Redação – 12.11.2015 – 

Para executivos da Sobratema, mesmo as iniciativas como PIL podem não avançar pela pouca consistência dos projetos. Atual falta de confiança do mercado também pesa contra o setor. 

O anúncio recente do Programa de Investimento em Logística (PIL) é um exemplo de como a falta de estruturação de projetos de infraestrutura tem paralisado o país. A avaliação é do economista Brian Nicholson, coordenador do Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção, documento divulgado ontem em São Paulo durante o evento anual que a entidade promove. De acordo com o especialista, a falta de consistência dos projetos, aliada aos processos burocráticos como licenciamento ambiental e à pequena atratividade econômica, em alguns casos, emperra o avanço dos investimentos.

“Papel aceita tudo, mas a realidade é que existem muitas dúvidas em relação a 2016 e um clima de falta de confiança”, avalia Nicholson. “Temos um cenário mundial com queda no preço das commodities e no de petróleo, mas há elementos de criação interna na crise brasileira”, diz. Para Eurimilson Daniel, vice-presidente da Sobratema, o país se ressente de falta de liderança e de uma política mais assertiva de combate à crise. Ele cita o déficit fiscal muito alto e sempre crescente, ao contrário de países da União Europeia, onde a média é menor que 3% e o viés é de baixa.

O desemprego é outro indicativo de piora, com índices próximos a 10%, quase a mesma média da União Europeia, com a diferença que a tendência lá é de baixa. O mesmo acontece nos Estados Unidos, com 5,3% e viés de queda, segundo Daniel. “O mundo em geral administra melhor suas crises”, pontua. Mesmo assim, o executivo vê pontos positivos, caso haja uma resolução da questão política. “Nosso setor é o mais afetado quando o governo para, porém é o primeiro que se reativa quando há a estabilidade”, completa.

Para Afonso Mamede, presidente da Sobratema, é difícil desvincular a crise econômica da política. E mais do que isso: a esfera pública tem uma grande influência nos projetos de infraestrutura. “O governo não acredita que a saída é a infraestrutura”, argumentou. Já Octávio Lacombe, também vice-presidente da Sobratema, avalia que o segmento terá investimentos diretos internacionais, sem passar pela esfera pública. “Há dinheiro para isso, inclusive com a criação de banco de investimento em infraestrutura liderado pela China. Mas serão aportes pontuais, em projetos muito bem estruturados”, ressalta.