Falta de otimização faz Europa perder US$ 140 bilhões em energia renovável

Por Nelson Valêncio – 25.02.2015

O valor foi apontado pelo Forum Econômico Mundial (WEF) em janeiro, em documento escrito com colaboração da consultoria Bain & Company

O relatório The World in 2025 – 10 predictions of innovation, publicado pela Thomson Reuters em junho do ano passado, prevê que a geração solar será a principal fonte da matriz energética do mundo daqui a dez anos. Se isso acontecer de fato, a questão do retorno de investimento deverá ser olhada com mais cuidado e quem alerta é a própria Reuters (agência de notícia que pertence ao conglomerado Thomson Reuters). Segundo ela, somente a Europa poderia ter economizado cerca de US$ 100 bilhões com a melhor ativação de energia solar e eólica.

Os dados foram apresentados no tradicional encontro de Davos, na Suíça. Na avaliação dos especialistas, o emprego desses dois tipos de energia seria mais efetivo se as plantas solares fossem instaladas em países com maior intensidade de exposição ao sol e se as usinas eólicas tivessem sido construídas em locais com melhores ventos. Parece óbvio, mas não foi o que aconteceu.

A falta de otimização de recursos pode ainda ter custado outros US$ 40 bilhões, valor que seria economizado caso os países da Comunidade Europeia tivessem tido uma melhor coordenação dos sistemas de energia entre suas fronteiras e utilizado cabos de transmissão de energia com maior capacidade. O descompasso pode ser exemplificado pelo exemplo da Espanha, que tem instalada uma capacidade de geração de 23 GW de energia eólica, embora seja um país com muito menos vento do que as nações do norte do continente. Por outro lado, a Alemanha deveria repensar seus investimentos em energia solar fotovoltaica, que somam 33 GW de capacidade, contra os 5 GW da Espanha. A razão? A eficiência do país ibérico em retirar mais de sua geração solar – 1750 kilowatt hora por metro quadrado/ano – é superior aos 1050 kilowatt hora por metro quadrado/ano dos alemães.

Para o WEF, houve um emprego subóptimo dos recursos, o que pode ser notado pela supercapacidade de geração atual. Nos últimos cinco anos, a Comunidade Europeia teria adicionado cerca de 130 W de capacidade de energia renovável e outros 78 GW de fonte convencional, quando apenas 44 GW de capacidade de plantas convencionais antigas foram desativados. Ao mesmo tempo, o crescimento da demanda por energia estacionou em zero por cento entre 2007-12, um salto para trás, considerando os 2,7% de taxa anual de demanda observado desde a década de 1970. O resultado é uma queda de 4,8% no retorno de investimento de capital, hoje estimado em 6%.

Ainda de acordo com o WEF, a política energética dos Estados Unidos tem sido melhor conduzida, com o casamento adequado entre a entrada de fontes renováveis na matriz energética com a desativação de plantas antigas, o que preservaria a margem de lucros das companhias elétricas.