Atlas Copco não teme crise e lança produtos para comemorar 60 anos de presença no Brasil

Com novidades para mineração e nova linha de grupos geradores dentro de contêineres, empresa também esclarece sua estrutura operacional aqui e no mundo

Por Rodrigo Conceição Santos – 15.04.2015

A Atlas Copco faturou 10,3 bilhões de euros em 2014, com Ebtida de € 2,3 bi (relativamente alto para os padrões da indústria). Aos 142 anos de existência – 60 só no Brasil – ela está mundialmente dividida em quatro áreas de negócios (Mineração, Construção, Compressores de Ar e Ferramentas Industriais) e tem no País o 5º maior mercado mundial, atrás de EUA, China, Alemanha e Austrália. “O Brasil tem 8%, dos 44 mil empregados da empresa, espalhados por 90 países. Na América Latina, o País representa entre 40% e 45% dos nossos negócios na Região – dependendo do ano – e abriga fábricas de compressores e grupos geradores, em Barueri (SP), e de produtos da linha Dynapac, em Sorocaba (SP)”, diz Claes Backlund, vice-presidente da holding Atlas Copco.

Para ele, esse cenário explica por quê a empresa está lançando soluções no Brasil neste ano, à margem de crises e, inclusive, com expectativa de crescimento na casa de dois dígitos para uma das áreas de negócios. “Depois de estruturarmos centros de serviços dentro dos nossos clientes, fornecendo uma gestão completa de ativos tanto para as ferramentas de torque quanto para a garantia de disponibilidade do parque fabril, temos agora a ambição de ampliar mercados, levando essas inovações a processos que ainda são tradicionais e que podem obter grandes benefícios produtivos e econômicos com as nossas soluções”, diz Carlos Maia, gerente geral da Atlas Copco Industrial Technique.

Claes Backlund, vice-presidente da Holding Atlas Copco
Claes Backlund, vice-presidente da Holding Atlas Copco

Essa divisão de negócios produz essencialmente ferramentas de torque para servir equipamentos industriais, de setores como o automotivo, aeronáutico, de tratores, alimentício e outros. Mas, como adiantou Maia, ela tem ganho importância na gestão de ativos no parque industrial, ao implementar tecnologias para monitoramento dos padrões produtivos de todas as máquinas de uma linha de montagem ou fabricação, por exemplo. “E há um mercado enorme para atingir, o que nos permite planejar crescimento de 17% entre 2015 e 2017”, revela.

Na parte de equipamentos para construção a Atlas Copco também se mostra ambiciosa, mas sem a intenção – ao menos revelada – de crescer na casa dos dois dígitos neste ano. A aposta, nesse caso, é no lançamento de grupos geradores dentro de contêineres. Sim, trata-se de um conjunto, de dois grupos geradores de 250 kVa cada, montado em contêineres de 20 pés.

A proposta, segundo Fernando Groba, gerente geral da área de construção da empresa, é otimizar a logística, principalmente sabendo que esse é um custo alto no Brasil e que o mercado de grupos geradores é essencialmente dominado por locadores, que precisam deslocar as máquinas constantemente.

Os geradores em contêiner são uma inovação da equipe brasileira de desenvolvimento e engenharia da Atlas Copco, segundo Groba, e demandaram investimentos de cerca de R$ 2 milhões. “Esse produto já está sendo exportado para as Américas e pode vir a ser também para outros mercados, pois só é produzido aqui no Brasil”, diz o executivo.

A Atlas Copco fabrica outros tipos de grupos geradores nacionalmente, incluindo modelos que vão de 24 a 550 kVa e o também recém-lançado modelo de 1100 kVa. “Hoje, estamos entre os líderes dessa indústria e alcançamos isso de 2010 para cá”, diz Groba.
A estratégia da companhia foi desenvolver um tipo de grupo gerador para operações off road – com carenagem completa e sistema anti-vazamento de fluídos, entre outras tecnologias. Assim, ela atacou o mercado inversamente, vindo do setor fora-de-estrada para os setores industriais e de aluguel de geradores para condomínios, edifícios e outros ambientes indoor. “Os concorrentes sempre fizeram geradores para a indústria, com menos sistemas de proteção a ambientes severos. Por isso ganhamos rapidamente um diferencial competitivo que nos permitiu brigar pela liderança desse mercado”, revela Groba.

Mineração e ar comprimido
A Atlas Copco é genuinamente uma empresa de tecnologias pneumáticas, tendo avançado primeiro no mercado industrial desde a sua fundação, em 1873, em Estocolmo (Suécia), e depois para a perfuração de rochas no mercado mineral europeu, principalmente na França.

Segundo Claes Backlund, esse know-how ainda está no cerne da Companhia e é demonstrado nos equipamentos de tratamento de ar e gás e em outros que usam o ar comprimido como matéria prima, inclusive no setor medicinal.
Na mineração, as carretas para perfuração de rochas evoluíram e hoje são hidráulicas, mais potentes do que as de ar comprimido e que têm avançado na preferência de minas e pedreiras de médio e grande porte. Nesse setor, segundo Álvaro Marques, gerente geral da área, a empresa tem uma linha ampla de consumíveis (como brocas e hastes de perfuração) e soluções para atender desde pedreiras até minerações de superfície e subterrânea, geotecnia e, mais recentemente, o setor de óleo e gás e de rochas ornamentais.

“Esperamos crescer entre de 5% e 9% ao ano entre 2016 e 2019, acompanhando o mercado mineral, onde os grandes projetos das mineradoras estão confirmados e, portanto, a projeção de crescimento está na faixa de 6% ao ano nesse período”, diz Marques. Em 2015 ele espera vender o mesmo volume de 2014. Ou seja, sem crescimento.

Rock Buggy corta até 2 metros de rocha ornamental por minuto
Rock Buggy corta até 2 metros de rocha ornamental por minuto

Tendo como meta expandir a rede de distribuidores – e a parceria com a Tracbel (que é distribuidora antiga da Volvo) é o símbolo disso – a área de mineração da Atlas Copco também está buscando novos mercados ao lançar uma perfuratriz modular para perfuração de poços de petróleo. “São equipamentos com capacidade de furos de 100 a 1.170 metros de profundidade, sendo que os modelos de 100 a 300 metros são o foco”, diz o executivo da área mineral.

Outra novidade da empresa veio com a aquisição, em janeiro, da companhia italiana Perfora e é destinada à mineração de mármores e granitos, onde Álvaro Marques também enxerga possibilidade de avanço, principalmente no Estado do Espírito Santo, que concentra mais de 50% desse mercado, segundo a Associação Brasileira de Rochas Ornamentais (Abirochas). “Queremos ampliar a utilização do Rock Buggy nas minerações de rochas ornamentais, uma vez que se trata de um produto que provê alta produtividade, com corte de fio diamantado atuando em velocidade de corte de até 2 metros de rocha por segundo”, conclui Álvaro Marques.