Hora da verdade para geração nuclear no Reino Unido

Da Redação, com informações do The Guardian – 23.09.2016

Ainda sem geração nuclear em sua matriz, o UK poderá construir até quatro projetos diferentes nos próximos anos.

A hora da verdade chegou para geração nuclear no Reino Unido. Pelo menos é a opinião do colunista Nils Pratley, do jornal The Guardian. A construção da usina nuclear de Hinkley Point C, a ser instalado na Inglaterra, alcançou a estimativa de £ 37 bilhões. Com capacidade de 3.2 GW, ela faz parte de um projeto de produção de 18 GW somente em energia nuclear até 2035. A meta poderá ser atingida, mas a um preço amargo.

Segundo o artigo, publicado na semana passada, a estruturação financeira da usina em construção é complexa. Um dos sócios, a francesa EDF, enfrenta problemas de endividamento. E mais: se a usina estivesse funcionando hoje, as donas do projeto teriam uma receita de £ 2.8 bilhões anuais, segundo Peter Atherton da Cornwall Energy. Desse total, apenas £ 1.2 bilhão representaria o preço da eletricidade produzida no mercado. O restante (£ 1.6 bilhão) viria do pagamento suplementar, ou seja, bancado em última análise pelos consumidores.

A EDF tinha interesse em vender sua participação para empreendedores chineses, mas o processo poderá ser vetado. A negociação significaria que, de um dia para o outro, 7% do abastecimento de energia do Reino Unido estaria sob controle de empresários do país asiático, que são cofinanciadores da EDF. A entrada deles ficou mais próxima depois que a Centrica (que controla a British Gas) desistiu do consórcio construtor em 2013.

Além do problema atual de venda ou não da parte da EDF, o governo do Reino Unido também pode estar conduzindo um programa nuclear irracional, diz o artigo. Além da China, empresas japonesas, sul-coreanas e norte-americanas podem entrar com projetos para participar da construção de novas usinas. Com isso, o Reino Unido poderia ter até quatro reatores diferentes de cinco fabricantes.

Segundo Atherton, seria um processo muito mais caro que replicar o melhor projeto entre eles e ter uma economia de escala na instalação do parque gerador nuclear. O The Guardian compara esse possível cenário à construção de quatro novos submarinos nucleares do tipo Trident em quatro estaleiros diferentes e para projetos também diversos. Em resumo, uma bagunça de primeiro mundo.