Imóvel fracionado aquece mercado imobiliário

Da Redação – 26/01/2017 –

Vendas de imóveis multipropriedade crescem cinco vezes em um ano e país já conta com 56 projetos desse tipo, dos quais 37 em construção ou lançamento.

Na contramão do comportamento do mercado imobiliário, que sente os reflexos da retração econômica, o segmento de imóveis fracionados encerrou 2016 com um volume de vendas cinco vezes maior em relação ao ano anterior. Segundo levantamento da Caio Calfat Real Estate Consulting, consultoria especializada no setor imobiliário e hoteleiro, esse segmento totalizou R$ 11 bilhões em vendas (VGV – valor geral de vendas) no ano passado, contra os R$ 2,3 bilhões registrados no exercício anterior.

A venda de imóveis por sistema fracionado ou multipropriedade, que chegou ao Brasil há menos de uma década, destina-se a pessoas interessadas em manter uma propriedade de veraneio sem arcar sozinhas com seus custos, como manutenção, segurança e impostos. Estes imóveis – geralmente associados a condomínios de alto padrão, resorts, parques aquáticos, marinas ou campos de golfe – possuem alguns serviços de hotelaria e a unidade autônoma é fracionada entre diversas pessoas, com a venda de sua propriedade ou direito de uso por tempo determinado.

Dessa forma, cada proprietário da mesma unidade pode usufruir do imóvel entre duas e seis semanas por ano, com a divisão de datas equilibradas para todos entre alta, média e baixa estações e feriados. As cotas de manutenção e de impostos do empreendimento são proporcionais ao programa de uso escolhido e, além disso, o empreendimento pode ser afiliado a uma empresa especializada em intercâmbio de férias compartilhadas.

O consultor Caio Calfat, vice-presidente de Assuntos Turísticos-Imobiliário do Secovi-SP (Sindicato da Habitação), atribui o crescimento desse modelo de venda imobiliária ao fato de ele permitir que o imóvel caiba no bolso do brasileiro. “Assim, o comprador investe menos, tanto na aquisição quanto na manutenção do imóvel, e pode adquirir um produto de padrão superior”. Já os empreendedores e incorporadores conseguem vender o estoque de imóveis mais rapidamente, embora o preço de uma fração seja entre 30% e 50% maior em comparação com uma unidade autônoma inteira.

Outro impulso para esse segmento, segundo o consultor, é o projeto de lei que tramita no Congresso Nacional para regulamentar os imóveis destinados ao turismo compartilhado, assim como já acontece com os empreendimentos do modelo de timeshare – compra programada de semanas de férias em complexos de lazer.

A pesquisa da consultoria Caio Calfat identificou que o número de empreendimentos imobiliários fracionados no Brasil saltou de 33, em 2015, para 56 no ano passado, dos quais 19 estão sendo inaugurados e 37, em fase de construção ou lançamento. Juntos, eles reúnem 14.511 unidades fracionadas e 217.377 frações, com um valor médio de venda de aproximadamente R$ 51,2 mil por cota. Entre os empreendimentos dessa categoria estão o Marina Flat & Náutica, em Caldas Novas (GO), e o Malai Manso Iate Golf Convention & Spa, na Chapada dos Guimarães (MT).