Infraestrutura de telecom continua vital na estratégia das operadoras

Da redação – 22.02.2016 – 

Duas pesquisas indicam que a rede mantém seu papel definidor na disputa pelos usuários: o levantamento do IDC, sobre transformação digital, e do Gartner, para serviços globais no mercado corporativo, foram lançados em fevereiro e janeiro desse ano, respectivamente.

As operadoras de telecomunicações têm sérias razões para não baixarem a guarda nos próximos anos. A demanda por serviços só aumenta a necessidade de maior banda larga, o que impacta diretamente na necessidade de expandir e melhorar a infraestrutura fixa e móvel. E a briga acontece em várias arenas: entre as próprias operadoras para disputar clientes e entre elas e os provedores de serviços OTT (sigla para over the top), ou seja, companhias que usam a internet para oferecer seu portfólio de produtos usando a rede das operadoras – e sem necessariamente remunerá-las por isso.

Na semana passada, um levantamento feito pelo instituto de pesquisa IDC sob encomenda da Amdocs, empresa que desenvolve soluções para o mercado de telecomunicações, mostrou que as operadoras avaliam que têm massa crítica para implementar a transformação digital de sua indústria, mas se o processo levar mais de cinco anos, elas podem ser ultrapassadas por outros players, caso dos OTTs. Na opinião de praticamente 70% de altos executivos de 81 companhias em todo o mundo, suas empresas têm capacidade para se transformar digitalmente, mas precisam fazer isso a tempo, ou seja, em menos do que cinco anos.

Exemplos práticos: ao longo dos últimos anos companhias como Telefônica e AT&T instalaram redes com equipamentos de diversos fabricantes. Hoje, essa infraestrutura precisa responder rapidamente às demandas banais do consumidor final como, por exemplo, o aumento do plano de banda larga fixa. O que seria uma ótima oportunidade de fidelizar o assinante pode ser, paradoxalmente, um pesadelo, visto que algumas operações são manuais.

Rede passa a ser comanda por software, quase sem intervenções manuais

Tendências tecnológicas como a virtualização das funções de rede (NVF) e as redes definidas por software (SDN) estão entre as soluções. Explicando de forma bastante simplificada: esses recursos – que já existem e estão sendo aplicados – permitem que um cliente corporativo ou residencial entre no portal de sua operadora, escolha um novo plano de dados e ative-o imediatamente. Hoje, sem as funcionalidades de NVF e SDN, entre outras iniciativas, o processo de ativação de um novo serviço demora.

Segundo o levantamento do IDC, a infraestrutura não é o único direcionador da mudança nas operadoras – o primeiro ponto importante é a definição de uma estratégia clara de mudança digital. Nos países da América Latina e Caribe, 53% das operadoras não têm o processo encaminhado e apenas 32% criaram o cargo efetivo de diretor digital, um profissional cujo perfil é mais voltado a negócios e que assume o papel estratégico até então devotado ao diretor de tecnologia da informação, anteriormente ocupado pelos executivos que implantaram as novas redes desde a privatização do setor.

A região precisa correr, uma vez que os usuários das redes de 4G-LTE, ou seja, mais evoluídas e com maior capacidade de suportar tráfego podem aumentar seu gasto mensal médio entre 7 e 20 vezes. Sem rede e sem uma estratégia definida, as operadoras podem perder o passo, apesar de 75 das 445 redes desse tipo no mundo estarem implementadas nas Américas.

Doze grandes operadoras estão bem na disputa pelo mercado global corporativo

Fora de suas casas, as operadoras que disputam o mercado corporativo formado pelas multinacionais estão longe de navegar em oceano azul. Pelo contrário, o mar está tingido de vermelho. Doze companhias foram listadas no estudo Magic Quadrant for Network Services, divulgado na primeira quinzena de janeiro pelo Gartner, outro respeitado instituto que cobre o mercado de tecnologia da informação e telecomunicações. O foco da pesquisa foi a capacidade dessas empresas em oferecer serviços mundiais de rede corporativa usando infraestrutura fixa.

Além de avaliar os pontos fortes de cada delas, o levantamento apontou também se as operadoras têm investido em capacidades emergentes como NFV e SDN. A avaliação envolveu entrevistas com clientes do Gartner e com as próprias empresas e resultou no estabelecimento de quatro grupos: Líderes, Desafiadores, Visionários e Empresas de nicho.

A maior parte dela está no time dos líderes, caracterizados por uma clara visão de mercado e uma organização estável. Fazem parte dessa turma a Orange, AT&T, Verizon, BT, NTT e a Tata. Já os Desafiadores incluem a Level 3 e a T System, empresas fortes em execução de serviços, mas com uma visão mais estreita em termos de ocupar a liderança.

As visionárias, por sua vez, têm planos para o futuro, mas não apresentam uma visão de líderes em termos de escopo e qualidade. Desse rol fazem parte a australiana Testra e a alemã Vodafone. As operadoras de nicho –  Telefonica e Sprint – fecham o grupo seleto de 12 companhias mundiais e ocupam a classificação de nicho, cujo foco está direcionado ao tamanho do mercado, cobertura geográfica e tipo de tecnologia, entre outros fatores.

(Acompanhem na edição de amanhã, terça, mais dados sobre as duas pesquisas).