Japão avança em energia solar e está entre os três principais produtores

Da Redação – 14.03.2016 –

Avaliação é do Instituto de Economia Energética e Análise Financeira (IEEFA), da Austrália, que divulgou seu relatório ontem, dia 09. Segundo documento, país quer ter 15% de sua matriz em energia solar até 2030

A China fechou o ano passado com a adição de 15 GW (gigawatts) de energia solar à sua capacidade de geração de energia. Os Estados Unidos teriam ativado metade desse total, ocupando a terceira colocação do ranking mundial. E o Japão figura entre os dois gigantes mundiais, com um investimento anual médio de US$ 20 bilhões nessa área e um acréscimo anual de aproximadamente 8 GW. Os números se repetiram nos dois últimos anos, mantendo os planos do país de atingir 30 GW em 2015, saltando para 50 GW em 2020 e atingindo os 100 GW em 2030.

Daqui a 14 anos, portanto, se tudo ocorrer como o previsto, a energia solar vai representar 15% de toda a matriz de geração japonesa, que ainda depende fortemente de recursos fósseis e de energia nuclear. “O país está fazendo jus ao seu epíteto de Terra do Sol Nascente”, resume Tim Buckley, autor do relatório recém-lançado e diretor de Estudos em Finanças Energia do IEEFA.

De acordo com ele, a Associação de Energia Fotovoltaica do Japão publicou sinalizou a meta estratégica de 100 GW de capacidade de geração fotovoltaica instalada em 2030 em abril do ano passado. Isto implicaria a geração anual de mais de 110TWh de produção de energia solar.

“Como estamos vendo em todo o mundo, o crescimento das energias renováveis, combinado com significativos avanços em eficiência energética, está tendo um impacto tangível sobre os combustíveis fósseis”, destacou Buckley.  “No entanto, o Japão hoje tem 47 usinas de energia movidas a carvão em seu pipeline. Seus investidores devem ter cuidado porque a transformação de energia significa que estas plantas correm o risco de se tornar antieconómicas rapidamente. Em outras palavras, elas têm uma alta probabilidade de se tornarem ativos ociosos.”

Parque de usinas térmicas a carvão pode ficar subutilizado

Na avaliação do IEEFA, embora o Japão tenha sido um dos poucos grandes mercados de energia que aumentou as importações de carvão térmico no ano passado, é improvável que essa tendência dure. Na verdade, 2015 muito provavelmente ficará na história como o ano de pico para as importações de carvão térmico e geração de energia a carvão no Japão. No primeiro mês desse ano foi registrada uma queda de 1,32% na comparação com janeiro do ano passado.

O IEEFA observa que se o Japão construir novas usinas movidas a carvão, o resultado será a subutilização do parque. Este padrão já ocorreu na China, onde a taxa média de utilização das usinas a carvão caiu de pouco mais de 60% em 2011 para um recorde de baixa de 49,4% em 2015. Da mesma forma, na Índia, o acréscimo anual de 15 GW de novas usinas movidas a carvão encontrou uma demanda mais fraca do que o previsto.  O resultado: a taxa de utilização do setor de energia a carvão da Índia caiu de 75% em 2011 para uma taxa média estimada de 61% em 2015 (com IEEFA prevendo uma nova queda para um recorde de 57-58% em 2016).

“Como vimos na Índia, China, Austrália e Europa, a dramática redução de custos das energias renováveis, catalisada pelo imperativo de reduzir as emissões de carbono, está rapidamente tornando redundante o acréscimo de geração de carvão térmico”, explicou Buckley. “Hoje, o Japão tem uma grande oportunidade de se beneficiar desta tendência, investindo ainda mais em eficiência energética, em energia eólica e em solar e evitando o erro de novos investimentos em carvão.”