Luz vermelha na coleta de lixo, alerta Abrelpe

Da Redação – 29.01.2016 – 

Inadimplência de prefeituras na coleta de resíduos sólidos pode aumentar focos do Aedes Aegypti, na avaliação da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais

Um perigoso círculo vicioso está fortalecendo a proliferação do famigerado mosquito da dengue e do zika vírus: a crise que atinge as prefeituras tem levado as administrações municipais a atrasarem o pagamento das empresas que fazem a coleta de resíduos sólidos. Com a inadimplência, há o risco de as companhias contratadas suspenderem ou mesmo paralisarem os serviços. E isso no pior momento possível, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).

“Prefeituras de diversos municípios em todas as regiões do país, de maneira generalizada, desde outubro, não estão pagando em dia as empresas prestadoras dos serviços de limpeza pública, o que tem trazido diversos impactos na continuidade e qualidade dos serviços prestados”, informa a associação em comunicado oficial. Segundo ela, o problema é mais grave nas Regiões Metropolitanas, onde a geração de resíduos é maior. “O resultado é o acúmulo de lixo, devido ao escalonamento de varrições e dos serviços de coleta porta a porta, cujo contingenciamento é um efeito direto da falta de remuneração dos contratos vigentes”, complementa a entidade.

De acordo com o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2014, documento que traça um raio-X do segmento, cerca de 7,3 milhões de toneladas de RSU (Resíduos Sólidos Urbanos) deixaram de ser coletadas naquele ano e, diante do quadro apresentado, a tendência é de que esse volume tenha aumentado consideravelmente em 2015. A Abrelpe estima que cerca de 30 milhões de pessoas no país não estejam contando com serviços adequados de limpeza urbana, incluindo a coleta regular de lixo.

Na avaliação da entidade, a inadimplência agrava uma realidade já emergencial na gestão dos resíduos sólidos no Brasil, pois quase 40% da população brasileira não têm acesso a tratamento e destinação final adequada de resíduos. A Abrelpe destaca ainda que o quadro atual também está desconectado da lei que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), em vigor desde 2010.