Minério de ferro resiste, com corte de custos, em 2016

Da Redação – 07.08.2017 –

Relatório das Nações Unidas indica ganhos de produção e de exportação, apesar da estabilização do consumo chinês e dos preços baixos da commodity

A indústria de minério de ferro teve uma melhoria razoável em 2016 segundo o mais recente relatório da United Nations Conference on Trade and Development’s (Unctad), braço das Nações Unidas para assuntos de comércio e desenvolvimento. Lançado no final do ano passado, o documento detalha indicadores chave de demanda e suprimento, comércio marítimo e precificação do minério. Em todos eles, de acordo com a Unctad, houve ganhos ao longo do ano passado e o quadro é de estabilidade.

“O mercado de metais base, como o ferro, é uma medida para a economia global e, nos anos recentes, ele tem flutuado de acordo com o estado das economias dos países emergentes e em desenvolvimento”, argumenta Yanchun Zhang, chefe da secção da Unctad que acompanha as políticas de implementação no mercado de commodities. Segundo ele, o relatório ajuda a entender a mecânica de produção e de consumo do minério de ferro em nível mundial.

Embora o consumo chinês tenha se mantido estável e mais baixo e os preços de venda não tenham sofrido nenhuma melhoria em 2016, o mercado começou a melhorar no final do ano passado, com a precificação excedendo os US$ 80/tonelada métrica seca em dezembro.

Já a produção mundial de minério de ferro cresceu em 5% ao longo do ano, atingindo um total de 2.106 milhões de toneladas (Mt). O incremento aconteceu principalmente pelo despacho de 30 Mt de minério australiano, as quais foram encaminhadas como principal fonte de novos produtos de melhor qualidade que entraram no mercado chinês.

As exportações, por sua vez, excederam 1.513 Mt em 2016, valor superior aos 1.439 Mt de 2015, sendo que o comercio marítimo manteve-se mais ou menos equilibrado, na avaliação do documento. O incremento líquido foi liderado pelos australianos, que contribuíram com 44 Mt de suprimento marítimo adicional, mas em termos de produtos eles dividiram a predominância com os finos de minérios produzidos por Carajás, da Vale.

Por outro lado, os custos de produção mostram uma redução substancial nos últimos quatro anos, com um índice médio de US$ 22/ tonelada métrica seca, ou seja, menor do que os índices de 2013. Explicações para o enxugamento: controle de capital mais severo, contratos renegociados e a saída de produtores de alto custo. O custo médio de produção para o mercado internacional, já contando o transporte marítimo, foi de apenas US$ 34 por tonelada métrica seca.

Os investimentos em projetos de exploração também caíram pelo quarto ano consecutivo, contabilizando US$ 685 milhões, um corte de mais de US$ 460 milhões em relação a 2015. Ponto positivo para o Brasil: a maior parte do corte em projetos de exploração, ou seja, procura por novas fontes, aconteceu na Austrália e China, que juntas somam quase a metade da redução de orçamento nessa área. Em termos de valores, o dinheiro empregado na prospecção de novas minas é 83% menor do que os quase US$ 4 bilhões registrados em 2012.