Nextel é um novo Uber?

Por Nelson Valêncio – 07.12.2016

Operadora lança aplicativo que torna serviço de telefonia celular flexível. Chip do Happy, nome do lançamento, deverá ser vendido em cerca de 300 mil pontos de venda até fevereiro de 2017.

Com palestra do futurólogo sueco Magnus Lindkvist, a Nextel lançou seu novo serviço de telefonia móvel, com uma pegada similar ao Airbnb e Uber. A essência do Happy, nome da nova solução (notem o app no meio da marca), é ativar um número via aplicativo e sem nenhuma burocracia. O usuário compra o chip, escolhe a minutagem de voz e o pacote de dados e começa a usar o serviço, desde que tenha um dispositivo móvel. Na verdade, a oferta de voz pode até ser descartada, concentrando-se na compra de dados, mas o uso do WhattApp e Telegram, por exemplo, não entra na conta, ou seja, será gratuito.

A flexibilidade acontece também na compra do Happy, sendo que a Nextel estima ter até 300 mil pontos de venda até fevereiro de 2017, quando o serviço entra operacionalmente no Rio e em São Paulo. Por enquanto, a operadora ativou o lançamento para as regiões com DDD 19 (região de Campinas, em SP) e 13, Litoral Paulista no entorno de Santos. O auto-atendimento é outra característica, inclusive com a possibilidade de ter um histórico de padrões de uso e também das potenciais reclamações ou mudanças no perfil do que foi contratado.

Valim, CEO da Nextel, fala do novo aplicativo.
Valim, CEO da Nextel, fala do novo aplicativo.

Apesar da presença do futurólo sueco, a Nextel não estima – pelo menos oficialmente – quanto o novo serviço deve agregar à sua base de clientes. Mas ela já adianta que o Happy deve estar na mira das pequenas e médias empresas (PME), uma parcela importante dos usuários da operadora. O fato de não passar por etapas burocratizantes pode facilitar a contratação do serviço. Hoje, a companhia tem cerca de 4 milhões de assinantes, sendo a esmagadora maioria concentrada na oferta de telefonia móvel tradicional (3G/4G). A menor parcela faz parte da rede iDEN, que na avaliação do próprio CEO, Francisco Valim, está “morrendo”.

Aqui entra um ponto interessante. Embora emule o Airbnb e o Uber, no formato de oferta via aplicativo, a Nextel tem uma rede. O Airbnb oferece hotelaria sem ter um quarto sequer. Idem para o Uber em relação à propriedade de taxis. A operadora, no entanto tem uma rede, inclusive a mais nova, de telefonia móvel 3G, e avança na ativação do 4G. Um acordo com a Vivo permite ainda a troca de infraestrutura entre as operadoras e viabiliza a cobertura em nível nacional para os assinantes da Nextel.

Para Jorge Braga, vice-presidente de operações da Nextel, a rede importa menos do que a percepção real do serviço prestado. Ele destacou que a ênfase em 3G ou 4G é mais uma iniciativa dos fabricantes. “Temos uma avaliação até em nível de bairros nas cidades cobertas, o que permite efetuar mudanças na infraestrutura”, avalia o executivo. Sobre o novo serviço, Braga argumenta que pode ser considerado um estudo de caso de time to market, ao ser viabilizado em cinco meses, da concepção ao lançamento. Disponível em IoS e Android, o Happy envolveu cerca de 60 mil testes de usabilidade.