Obra do Complexo Casa das Caldeiras venceu adversidades logísticas

Por Thomas Tjabbes (*) – 8 de maio de 2014

O novo empreendimento comercial e residencial de luxo deve satisfazer quem busca proximidade com transporte, lazer e cultura em São Paulo

O complexo imobiliário Casa das Caldeiras chama a atenção de quem trafega pela Avenida Francisco Matarazzo, no bairro Nova Perdizes, em São Paulo (SP). O empreendimento é composto por quatro torres residenciais e uma comercial, construídas em uma área de 23 mil m², próxima ao Viaduto Pompéia e ao Shopping Bourbon. A obra foi realizada em parceria pelas incorporadoras Setin e Helbor e a construtora Toledo Ferrari.

De acordo com Antônio Setin, presidente da incorporadora que leva o seu sobrenome, “o maior desafio foi implantar novas vias de acesso no entorno do empreendimento, uma vez que o Departamento de Trânsito não permitiu acesso de automóveis pela Avenida Francisco Matarazzo”.

Por conta da localização e do tamanho da obra, José Eduardo Toledo Ferraz, sócio-diretor da Toledo Ferrari, explica que, devido à intensidade do tráfego de veículos e pedestres na região, foi desenvolvido um planejamento diferenciado para a descarga noturna de materiais. A solução encontrada foi construir uma nova via de trânsito no entorno do empreendimento, posteriormente doada à prefeitura, junto a uma faixa-extra na avenida para minimizar o impacto no trânsito. “Com o complexo imobiliário, a Helbor e a Setin destinaram à prefeitura de São Paulo mais de R$ 16 milhões em Títulos de Operação Urbana, bem como a doação de um terreno de 7,5 mil m² para obras de infraestrutura”, afirma o executivo.

A obra
Durante a concepção do empreendimento, que deve completar 32 meses, os edifícios do complexo passaram por diferentes processos construtivos. Inicialmente, a construtora fez uma contenção com cravação de perfis metálicos, fundação com estacas de hélice contínua, bem como cortinas e estrutura de concreto armado. Para finalizar, foi feita alvenaria de blocos cerâmicos e revestimento interno em gesso.

Entre a utilização de muitos equipamentos pesados, como escavadeiras, retroescavadeiras, minicarregadeiras e elevadores cremalheira, o destaque ficou para os três guindastes de torre usados na obra. Segundo Ferraz, as gruas, como são chamadas, reduziram os custos e aperfeiçoaram o serviço de execução das lajes, facilitando o transporte de ferragens, vigas, escoramentos e outros materiais de apoio às concretagens. “Um dos grandes desafios foi impedir que as chuvas atrapalhassem o andamento das obras”, completa.

Respeito aos cuidados ambientais

A obra contou com políticas de reaproveitamento de resíduos de demolição, reutilizando-os como agregado para aterro e nivelamento de pisos sobre a terra. Conforme explica Ferraz, a medida da construtora atendeu à legislação pertinente, o Conama 307, e promoveu uma diminuição do volume final de material construtivo a ser descartado.

Essa gestão ocorreu em três diferentes etapas. A primeira consistiu da segregação dos resíduos em caçambas identificadas de acordo com a classe de destinação: agregados, demolições, plástico, papelão, metal, madeira, inertes e resíduos perigosos. Em seguida foi feita a coleta e transporte do material por empresas especializadas, garantindo o destino correto dos resíduos. “A Toledo Ferrari exigiu das empresas responsáveis todas as documentações de operação junto à prefeitura, assim como a autorização da Área de Transbordo e Triagem de resíduos de construção civil privada (ATT) e do Controle de Transporte de Resíduos (CTR)”, ressalta o empresário.

Por último, foi feita uma avaliação mensal pelo Centro de Tecnologia Empresarial (CTE) para monitorar os processos de sustentabilidade em todas as etapas. Ao final de 20 meses de avaliação, a obra obteve, segundo Ferraz, nota média de 8,8 em uma escala de dez. “Além disso, os engenheiros adotaram um sistema de aquecimento a gás para a água destinada ao banho dos operários, substituindo o consumo de energia elétrica por uma fonte de maior potencial de aproveitamento e economicamente mais viável”, conclui Ferraz.

Casa das Caldeiras em números

Complexo Imobiliário Casa das Caldeiras em números
Comercial Residencial
Projeto: 1 torre 4 torres
Área total (m²): 9.000 14.000
Salas / apartamentos: 535 384
Área privativa (m²): 37,22 até 1.022 128,51 ou 168,01
Obra:
Duração: 32 meses (abril 2011 – dezembro 2013)
Contenção com cravação de perfil metálico (kg): 81.036
Fundação estaca de hélice contínua (m): 15.600
Concreto utilizado (m³): 51.551
Principais equipamentos de construção:
Tipo Quantidade Função
Guindaste de torre (1.500 kg de ponta) 3 movimentação de
materiais
Elevador cremalheira (2.000 kg) 6 transporte de pessoas
retroescavadeira (8.000 kg) 1 aterro de cortina
Retroescavadeira com
implemento de concha
1 demolição
Escavadeiras hidráulicas 3 terraplenagem
mini-carregadeira 3 equipamento de apoio

 

Localização histórica

Em torno dos prédios estão dois marcos históricos da cidade: a Casa das Caldeiras e a Casa do Eletricista, antigos edifícios fabris tombados em 1986 pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Arquitetônico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat). Ambos faziam parte das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo, maior grupo empresarial da América Latina na década de 1930. Atualmente, a Associação Cultural Casa das Caldeiras (ACCC) está cuidando do local para promover ações culturais. Do conjunto empresarial pode-se ver de perto outras construções importantes da cidade de São Paulo, como o SESC Pompéia e o novo estádio do Palmeiras.

* Publicado na Revista Construção Total, edição 2