Redação – 13.06.2023 – Combustível é produzido a partir de subprodutos do setor sucroenergético da região e pode reduzir em 90% as emissões no transporte público
A Companhia Paranaense de Gás (Compagas), em conjunto com a fabricante de veículos pesados Scania e a Prefeitura Municipal de Londrina (PR), realizaram a primeira demonstração completa numa operação real com um ônibus movido 100% a biometano no transporte urbano de passageiros.
Nos próximos 30 dias, contados a partir da última segunda-feira (12/6), o veículo estará numa demonstração urbana pela primeira vez abastecido 100% a biometano, que é um combustível renovável e limpo, e contribui diretamente para as metas de sustentabilidade do município.
A ação em Londrina é a terceira realizada pelo projeto conduzido pela Compagas e Scania, em 2023. As primeiras demonstrações foram feitas na Região Metropolitana de Curitiba, com o Governo do Paraná, e na capital do estado, com a Prefeitura de Curitiba, e, demonstraram a viabilidade da utilização do veículo movido a GNV em linhas complexas e extensas, garantindo autonomia e menor emissão de poluentes.
O veículo movido a biometano em demonstração é o mesmo que já circulou pelas ruas de Curitiba e região metropolitana. Em Londrina, o biometado é obtido a partir da produção do biogás, que por sua vez é gerado da decomposição de matéria orgânica de origem vegetal ou animal. Quando submetido a um processo de purificação, o biogás dá origem ao biometano e este é comparável em condições técnicas ao gás natural, já que após o refino, atinge alta concentração de metano em sua composição.
O biometano, que chega hoje à Londrina, é produzido a partir de subprodutos do setor sucroenergético, e revendido pela Gastech que comercializa o GNV em Londrina. Segundo números da Compagas, o Paraná tem potencial de produção de biometano de cerca de 2 milhões de metros cúbicos por dia.
Testes já começaram
O ônibus a gás está sendo testado em linhas operadas pela Transportes Coletivos Grande Londrina (TCGL), com o acompanhamento da Companhia Municipal do Trânsito e Urbanização (CMTU). A cada semana o veículo estará em uma linha diferente, começando pela linha 501 – Terminal Vivi Xavier – Via Alto Do Boa Vista, na sequência na linha 314 – Jardim Olímpico, logo depois na 803 – Terminal Vivi Xavier/Shopping Catuaí e finalizando na linha 904 – Terminal Vivi/UEL/Terminal Acapulco.
De acordo com a CMTU, no decorrer das semanas de teste serão considerados fatores como a autonomia e a qualidade do veículo. A intenção é conhecer a efetividade dele numa cidade com as características de Londrina e saber exatamente que quantidade de combustível seria necessária à operação.
Ainda no quesito sustentabilidade, com a utilização dos veículos movidos a biometano, a redução de emissões é de 90%, quando comparado ao uso de veículos a diesel. Os benefícios do uso do gás no transporte público também estão ligados diretamente à saúde da população. A redução de óxidos de nitrogênio (NOx) é de quase 90% e de material particulados chega a 85%. Os efeitos são de curto prazo, com um menor índice de doenças cardiovasculares e da perda de produtividade causada por esses poluentes.
Ônibus
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Ônibus padron K 280 movido a biometano que está sendo utilizado em Londrina (foto: divulgação Scania).
O modelo fabricado pela Scania é o padron K 280, com 14 metros de comprimento e capacidade para 86 passageiros. O ônibus é equipado com elevador para acessibilidade e espaço interno para cadeirantes. O modelo K 280 4×2 tem propulsor de 280 cavalos de potência. Seu motor é Ciclo Otto (o mesmo conceito dos automóveis) e movido 100% a gás e biometano, ou mistura de ambos.
Para o ônibus em teste, foram instalados oito cilindros de gás na lateral dianteira com uma autonomia de 300 quilômetros. A preocupação maior é em caso de acidentes ou explosão, por isso os cilindros e válvulas são certificados pelo Inmetro (em conformidade com a lei). São três válvulas (vazão, pressão e temperatura) que liberam o gás em caso de anomalia em um destes três quesitos. Os cilindros são extremamente robustos (o material é mesmo usado em ogivas de mísseis).
Em caso de incêndio ou batida o gás é liberado para a atmosfera e se dissolve sem perigo de explosão ao contrário de um veículo similar abastecido a diesel que é mais perigoso, pois o líquido fica no chão ou pode se espalhar ao longo da carroceria.