Operação Lava Jato fragiliza construtoras nacionais, afeta infraestrutura e deve atrair empreiteiras estrangeiras

Da redação – 07.04.2016 – 

Novas regras do leilão, propostas pelo governo federal, tentam atrair investidores estrangeiros. Um dos focos seria o mercado de transporte e logística, com contratos potenciais de R$ 44 bilhões em 2016. 

De acordo com a reportagem do jornal O Globo, publicada ontem, o governo federal deve mudar as regras de leilões de infraestrutura, de forma a atrair investidores internacionais. A informação é dos correspondentes de Brasília, Danilo Fariero e Geralda Doca.

“As principais empreiteiras nacionais, fragilizadas após os desdobramentos da Operação Lava-Jato, se mostram incapazes de mobilizar investimentos para garantir uma recuperação sustentável. Neste cenário, a palavra de ordem no governo é facilitar o ingresso de recursos do exterior com medidas regulatórias”, diz textualmente a matéria, também publicada na versão online do jornal Extra.

Ainda de acordo com a reportagem, as iniciativas teriam ocorrido em março passado, incluindo conversações com potenciais investidores de fora do país, os quais poderiam ocupar uma parte do papel das empreiteiras nacionais, quase todas envolvidas em investigação da Lava Jato. Um dos mercados possíveis de receber investidores internacionais seria o de logística e transporte, com previsão de leilões que somariam R$ 44 bilhões somente em 2016.

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Regras flexibilizam leilões na área de transporte e logística: montante de R$ 44 bilhões somente em 2016

No caso de rodovias, em especial, as mexidas nas regras têm como foco – na avaliação da reportagem de O Globo – a adaptação dos editais, de forma a atrair capital estrangeiro.

Diz ainda a matéria: “nos próximos dias, será publicado o edital de licitação do leilão da “Rodovia do Frango”, entre Paraná e Santa Catarina, com mais uma novidade em favor desses potenciais investidores. Pela primeira vez, o governo aceitará que os documentos de qualificação técnica dos concorrentes sejam trazidos do seu país de origem”.

Segundo a reportagem, a mudança citada acima elimina a obrigação de validação – por entidades de classe brasileiras – desse tipo de documentação, ação considerada como barreira de entrada pelos investidores internacionais.

Entre os países potencialmente investidores, os jornalistas de O Globo citam representantes de empresas da Itália, Reino Unido, França, Rússia e China. Um caso concreto seria o da concessão da BR-153, vencida pela Galvão Engenharia em maio de 2014, mas que não avançou em função de a empresa ter sido indiciada pela operação Lava Jato.

Com mudanças no contrato de concessão, a ideia é que ele seja assumido por companhias estrangeiras. Só fica no ar uma questão, não respondida pela matéria: e os empregos dos profissionais brasileiros? Somente a Odebrecht já teria demitido 70 mil colaboradores.