Os perigos de se apaixonar pelas tecnologias de energia

Da Redação – 04.08.2017 –

Especialista americano mostra as armadilhas de se fixar numa só solução e lembra que não existe “bala de prata” no setor

Hal Harvey, fundador e CEO da Energy Innovation, um instituto dedicado a avaliar políticas de energia e meio-ambiente, é preciso em sua avalição: o amor é cego e o amor por uma tecnologia de energia é igualmente cego. Ponto. E isso independe de estarmos falando de fontes renováveis ou fósseis. Para ele, as tecnologias devem ser julgadas com base em sua capacidade de colocar a economia de cada país em um estágio seguro, limpo e exequível financeiramente.

Um exemplo é o estado norte-americano do Wyoming, que responde por 42% da produção de carvão mineral dos Estados Unidos. É de lá a iniciativa do bilionário conservador Philip Anschutz, aliado do partido Republicano, de construir o maior parque de geração eólica do país. O projeto venderia energia para a Califórnia, transportando-a por meio de uma linha de transmissão e geraria cerca de US$ 8 bilhões em novos investimentos. Parte dos postos de trabalho poderá substituir, inclusive, empregos perdidos no setor de mineração. Mas…

O preconceito contra a geração eólica pode afetar o processo, segundo Harvey. O legislativo estadual propôs uma taxação adicional para a energia renovável, que saltaria de US$ 1 por megawatt hora para US$ 5. Lembrando que nenhum outro estado cobra tributação sobre a geração eólica. Aparentemente tanto o dono do projeto – como o governador – entenderam que a geração de empregos é mais importante e a taxação não deve ser modificada.

Outro exemplo de mudança ocorre no modelo das concessionárias de energia elétrica. Muitos estados estão estruturando formas de compensá-las pelos serviços que elas prestam e não somente pelos elétrons que elas produzem ou pelas usinas que elas constroem. O modelo levaria em conta uma regulação baseada em desempenho, com métricas de eficiência energética, entre outros pontos, além de melhorias na rede e tempo de resposta às demandas. Em resumo: cada tecnologia tem prós e contras que devem ser analisadas com menos paixão.