Pesquisa mapeia gargalos na geração por biomassa

Da Redação – 09/02/2017 –

Pesquisadores avaliam que a geração partir da palha, que produz cerca de 20,2 terawatts-hora de energia por ano nas usinas sucroalcooleiras, pode aumentar em sete vezes.

Um grupo de pesquisadores brasileiros está desenvolvendo um projeto para ampliar em até sete vezes a produção de energia elétrica a partir da palha da cana-de-açúcar gerada durante a colheita sem queima nos canaviais do país. Batizada de projeto Sucre (Sugarcane Renewable Electricity), a iniciativa tem o objetivo de identificar os problemas enfrentados pela indústria sucroalcooleira na colheita da palha, seu armazenamento e processamento em energia, para a maior produtividade em todo o ciclo.

Segundo levantamentos da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), a palha de cana responde pela geração de cerca de 20,2 terawatts-hora de energia por ano, sendo que aproximadamente metade desse volume é consumido pelas usinas e o restante é despachado no sistema elétrico brasileiro. Para os especialistas, entretanto, isto ainda é pouco em comparação com o potencial de geração de energia do setor. “Há 20 anos as usinas usam a palha com pouco êxito nessa área devido a falhas nos procedimentos e falta de metodologia”, afirma Manoel Regis, coordenador do projeto Sucre e pesquisador do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), órgão ligado ao governo Federal.

Para identificar as barreiras que dificultam o uso da palha para geração de energia, algo que ajuda a reduzir a emissão de gases de efeito estufa, os pesquisadores estão acompanhando o processo em quatro usinas parceiras. O objetivo, segundo Reis, é aprimorar os procedimentos na coleta e processamento do material. Na segunda fase do projeto será feita a análise de viabilidade técnico-econômica em mais sete usinas selecionadas.

Para realizar as avaliações necessárias, o projeto atua em quatro frentes de trabalho: remoção (definir quanto de palha pode ser retirada do solo sem comprometer a qualidade e a produtividade de cana-de-açúcar), recolhimento (identificar os processos de coleta e transporte da palha à indústria), indústria (avaliar o efeito da palha e da mistura de bagaço e palha nos diferentes tipos de processamento, como no sistema de limpeza a seco, no peneiramento e trituração, além do uso nas caldeiras das usinas) e integração (avaliação econômica e ambiental de diferentes rotas de recolhimento de palha).

O projeto Sucre conta com um investimento de 67,5 milhões de dólares do Fundo Global para o Meio Ambiente, órgão ligado ao Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), para aplicação no período de cinco anos. Iniciado em 2015, ele vem sendo desenvolvido por pesquisadores do CTBE.