PIB negativo em 2016: o setor de guindastes já sabia

Em reportagem exclusiva, InfraROI apurou que a avaliação negativa desse mercado se estende, no mínimo, até o segundo semestre de 2016.

Por Rodrigo Conceição Santos 0 18.07.2015 – 

Foto de Divulgação Manitowoc
Foto de Divulgação Manitowoc

Esta semana o Banco Central previu, pela primeira vez, a retração do PIB para 2015 e 2016. A informação consta no Boletim Focus, da instituição, e prevê queda de 2,01% neste ano e de 0,15% no ano que vem. Surpresa? Para o setor de guindastes não.

Em entrevista exclusiva ao InfraROI há exato um mês, Luciano Dias, vice-presidente de vendas da Manitowoc para a América Latina, já previa o comportamento negativo para esse setor por “pelo menos até o segundo semestre de 2016”. Ele concatenava que os guindastes são produtos de valor agregado alto, acionados geralmente na etapa de montagem das obras, algo que ocorre no final do cronograma. “Por isso, ele é o primeiro produto a sofrer quando há queda no volume de obras, pois a decisão de compra ou locação é adiada até o último instante”, diz.

Os guindastes também são, obviamente, os últimos a sentir o efeito positivo quando há retomada de mercado. E é por isso que, mesmo num cenário otimista, no qual a economia se recupere a partir do início de 2016, esse setor só sentiria o efeito positivo meses depois, na avaliação do executivo da Manitowoc (leia o ping-pong completo com Luciano Dias).

Para a Terex – que está trabalhando processo de fusão com a Konecranes (leia mais sobre) – a previsão negativa para 2015 também foi exposta e a intenção é equilibrar esse cenário com o momento de mercado positivo de outros países latino-americanos, como Chile e Peru. “Com esse equilíbrio, as vendas da Terex na América Latina deverão atingir os mesmos volumes de 2014”, diz Rodrigo Borges, gerente de vendas de guindastes da empresa norte-americana.

Segundo ele, a maior parte dos negócios no Brasil deve ser feita com guindastes para todo terreno (AT) e com os voltados a terrenos acidentados (RT). Isso porque são equipamentos com menor custo de aquisição quando comparados a guindastes sobre esteiras. “Eles também são, obviamente, indicados para obras menores, e essa é a realidade do Brasil atualmente”, pontua.

Foto de Divulgação Liebherr
Foto de Divulgação Liebherr

A Liebherr, segundo o gerente comercial de guindastes móveis sobre esteiras e pneus, César Schmidt, enxerga que há mais oportunidades para guindastes maiores, usados na montagem de aerogeradores de torres eólicas. “Esse é o mercado mais demandante atualmente, pois ainda não foi afetado pela difícil conjuntura vivida pelos demais segmentos da infraestrutura”, diz. Ele finaliza que as vendas de guindastes para  o mercado brasileiro continuam ruins – assim como foram no primeiro semestre – e isso se deve principalmente ao mal momento do setor de óleo e gás, principal usuário de guindastes de grande porte.