Projeto inédito quer capacitar 2,5 mil profissionais de saneamento para trabalhar em comunidades indígenas

Ao lado da Secretaria de Saúde Indígena, Hospital Moinhos de Vento promove curso com oficinas presenciais para apoiar na prevenção de doenças em comunidades indígenas

Por Redação

em 15 de Maio de 2025

Um projeto de capacitação quer formar 2,5 mil Agentes Indígenas de Saneamento (AISAN) e Técnicos em Saneamento para atuar em comunidades indígenas. A iniciativa é inédita e desenvolvida pelo Hospital Moinhos de Vento, ao lado da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), ligada ao Ministério da Saúde por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS).

Lançado em 2024, o projeto promove práticas sanitárias eficazes para melhorar a qualidade de vida e prevenir doenças nas comunidades indígenas. Dados do Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena (SIASI) revelam que, nos últimos seis anos, mais de 130 mil indígenas foram afetados por doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado.

Capacitação deve reforçar saneamento em comunidades indígenas

A expectativa do programa é chegar ao máximo de aldeias possíveis e trabalhar de forma que a interculturalidade seja transversal a todo o curso, respeitando também a cultura de cada comunidade. A iniciativa busca alinhar conhecimentos técnicos e científicos com os saberes tradicionais indígenas, abordando temas como saneamento ambiental, gestão de resíduos sólidos, manejo da água e conflitos socioambientais, sempre no contexto das comunidades indígenas.

A intenção principal é promover a saúde para essas comunidades que, muitas vezes, não têm acesso a nenhum recurso. O Hospital Moinhos de Vento destinou R$ 10,3 milhões para o projeto, valor destinado ao Proadi-SUS. A iniciativa envolve uma equipe multidisciplinar, incluindo tutores, consultores e a parceria com a Sesai.

Como vai funcionar o curso

Os profissionais capacitados deverão atuar nos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) em todo o Brasil. A primeira fase do projeto prevê a formação de multiplicadores, profissionais que atuam nos DSEI com formação desde o ensino médio/técnico até o pós-doutorado, com o objetivo de atender às diferentes necessidades das comunidades indígenas. A turma conta com cerca de 180 alunos, que, após a formação, serão os responsáveis por desenvolver as oficinas presenciais com outros Agentes e Técnicos em Saneamento – com monitoria e acompanhamento – em suas localidades.

Nesta primeira fase, o curso de 110 horas vem acontecendo em módulos online. Na sequência, os encontros serão presenciais quando acontecerão as oficinas com turmas em cidades de sete estados – Manaus (AM), Porto Velho (RO), Cuiabá (MT), Palmas (TO), Maceió (AL), Curitiba (PR) e Santarém (PA). Toda a matriz curricular foi desenvolvida em conjunto com representantes dos 34 DSEI e lideranças indígenas.

Os próximos passos do projeto incluem a realização de encontros presenciais para desenvolver metodologias práticas com os multiplicadores, que acontecerão a partir de agosto de 2025. Posteriormente, serão realizadas oficinas de capacitação para Agentes Indígenas de Saneamento e Técnicos em Saneamento, com o acompanhamento de consultores da capacitação. O projeto será concluído com a entrega do curso EAD que poderá ser disponibilizado pelo Ministério da Saúde ao público em geral, além da entrega de materiais educativos no formato impresso desenvolvidos pelo Projeto, ao Ministério da Saúde, visando a sustentabilidade e continuidade da formação.