Qual é a última fronteira efetiva no tratamento de água potável?

Antonio Trentini (*) – 10.10.2019 – 

Filtragem e purificação de água na casa do consumidor é complementar ao tratamento das concessionárias de saneamento básico.

Apesar de ser um recurso vital, nem todas as pessoas do mundo têm acesso a água potável. Para ser mais exato, são mais de 2,2 bilhões ou quase dez brasis nessa situação. Quando se discute o acesso ao saneamento básico, os números dobram. E há uma relação direta, se considerarmos que rios poluídos pelo esgoto não tratado contribuem significativamente para a potabilidade da água. No Brasil, a situação também é complexa, com 35 milhões de pessoas (17% da população) sem acesso à água tratada. E os 83% que a recebem nem sempre podem ficar tranquilos, pois os especialistas levantam dúvidas sobre a qualidade do que estamos ingerindo.

E por que as dúvidas? Comecemos pela metodologia de tratamento da água feito pelas concessionárias de serviços públicos. O processo mais comum envolve o uso do cloro ativo que, em excesso, faz mal. Antes de entrar nesse aspecto, é preciso lembrar que se trata de um assunto para o qual não existe uma opinião consensual. O que ninguém discorda, inclusive a Organização Mundial de Saúde (OMS), é que o cloro deve ser usado no tratamento da água. Em contrapartida, é consenso também que, desde que limpa, quanto menos cloro ou outros elementos químicos houver na água, melhor para o ser humano.

Os brasileiros, de modo geral, têm vivenciado poucos, mas importantes avanços sobre a qualidade da água que recebem nas residências, comércios e indústrias. O maior deles aconteceu em 2017, quando o Ministério da Saúde publicou a Portaria de Consolidação nº 5, especificando que a concentração de cloro ativo no tratamento de água potável deve ser de 0,2 a 2 miligramas por litro. Há também algumas concessionárias evoluindo com o uso de dióxido de cloro ou cloro gás liquefeito, alternativas de tratamento que têm potencial oxidante e desinfetante, mas não formam poluentes como trihalometanos e ácidos haloacéticos.

Antonio Trendini, da IBBL

Vale explicar que o cloro ativo, ao interagir com as substâncias orgânicas presentes na água, cria os trihalometanos (THMs) ainda na estação de tratamento ou mesmo nas caixas d’água. O tempo dessa reação varia, de acordo com vários fatores, mas uma pesquisa de Eliana Leão do Prado, doutoranda da USP que adota o protocolo com a Universidade Nova de Lisboa, traz referências que ligam o consumo de THMs a riscos de câncer na bexiga. Em mulheres grávidas, a exposição a altos níveis de subprodutos da cloração da água estão ligadas ao aborto ou às deficiências congênitas nos fetos.

Tratamento em casa com purificadores é a última fronteira
Os sistemas de filtragem e purificação de água na casa do consumidor, portanto, são complementares ao tratamento das concessionárias de saneamento urbano e podem ser considerados a última fronteira antes do consumo. Os purificadores, como são mais conhecidos, são de fato um reforço também na contenção e eliminação de microrganismos.

Os refis de purificadores devidamente atestados pelo Inmetro fazem o controle de proliferação de bactérias na água, além de eliminar sabores indesejáveis. Além disso, eles devem reter, no mínimo, 75% do cloro, assegurando que o consumidor não está ingerindo o excesso perigoso relatado há pouco. Outros modelos de refis mais avançados, além dessas qualidades, têm controle bacteriológico, eliminando 99,9% das bactérias presentes na água.

Há ainda soluções avançadas com nanotecnologia para inibir a proliferação de microrganismo. Nesse caso, é feito um tratamento especial nas partes plásticas, onde há contato com a água purificada, para prover mais um tipo de proteção à saúde das pessoas.

Adquirir purificadores com essas tecnologias é um passo importantíssimo para a ingestão de água saudável. Mas é só o primeiro. Não basta apenas adquirir o purificador, é preciso estar devidamente educado para que os recursos dos equipamentos sejam efetivos. O primeiro aspecto da educação é a necessidade de troca periódica dos refis (também conhecidos com filtros) no período correto. Via de regra, seis meses é o prazo máximo para a troca.

Outra prática necessária é a higienização do purificador de água. A limpeza interna deve ser feita pela assistência técnica do fabricante anualmente. Já a limpeza externa é simples nos modelos de purificadores mais avançados e pode ser feita pelo próprio consumidor, utilizando um pano de microfibra úmido e detergente neutro.

Os purificadores não devem ser limpos com jatos d’água, materiais abrasivos, álcool ou solventes. Também não é recomendado o uso de produtos que deixem gosto na água ou que danifiquem as peças plásticas. A periodicidade dessa limpeza varia e a identificação da sua necessidade é visual. Ou seja: são os olhos e bom senso do consumidor quem definem a hora certa para essa prática.

Com as tecnologias atuais, portanto, é seguro afirmar que a ação correta dos purificadores de água pode ajudar na redução do número de doenças e mortes causadas pela ingestão de água inadequada.

* Antonio Trentini é Diretor de Negócios da IBBL, empresa que desde 1986, cria e produz purificadores de água para todo o Brasil e exporta para mais de 40 países. A IBBL pertence ao grupo Culligan International e é especialista em água, sendo a pioneira na entrega de soluções em água purificada e refrigerada para todos os tipos de famílias e negócios no Brasil https://www.ibbl.com.br/ | https://blog.ibbl.com.br/.