Qualificação profissional impulsiona a soldagem no país

Da Redação – 30.11.2016 –

O professor Alexandre Bracarense, da UFMG, aponta os esforços realizados nos últimos anos para o aprimoramento dos profissionais de soldagem.

Apesar de ainda depender da importação de alguns equipamentos e materiais oriundos de países mais industrializados, o mercado brasileiro de soldagem vem apresentando uma rápida evolução nos últimos anos, especialmente na formação de mão obra especializada para setores mais sensíveis a tecnologias de ponta, como as indústrias automotiva, de óleo e gás e de equipamentos, entre outras. A opinião é do professor do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Alexandre Queiroz Bracarense, autor do livro “Soldagem: Fundamentos e Tecnologia” (Editora El Sevier – 394 págs.) e coordenador Laboratório de Robótica, Soldagem e Simulação da instituição.

“Muitos materiais de alta tecnologia ainda são importados e até recentemente o mesmo se verificava na área de equipamentos para soldagem, mas, seguindo o exemplo da indústria automobilística, algumas empresas do setor começaram a implantar fábricas no Brasil, como a alemã Merkle, a norte-americana Lincoln e a sueca ESAB”, diz ele. No setor industrial, Bracarense destaca o avanço da automação como um fator responsável pela aplicação de soldas com maior precisão e eficiência. Além da robótica, presente nas linhas de montagem de caminhões e equipamentos para construção, ele ressalta a crescente utilização de aços de alta resistência e baixa liga, o que melhora o desempenho e robustez desses produtos em aplicações severas, como a produção de petróleo, canteiros de obras, mineração e outros.

No caso dos guindastes, por exemplo, tais tecnologias resultam em maior capacidade de carga e lanças com maior alcance para elevação, sem comprometimento ao peso próprio do equipamento. A grande evolução do setor, entretanto, passa pela qualificação dos profissionais do setor. “Os soldadores geralmente são formados a partir de duas vertentes: as pessoas que se interessam pela área e começam a trabalhar sem qualquer tipo de treinamento e aquelas que inicialmente se formam na profissão, na maioria jovens oriundos de cursos como o do SENAI. As empresas, notadamente aquelas ligadas à indústria naval e petrolífera, impulsionadas pela Petrobras, investem continuamente no aperfeiçoamento desses soldadores.”

Alexandre Bracarense cita a própria UFMG como exemplo, já que a universidade conta com um curso de formação de soldadores desde 1957. “Ele foi criado para aprimorar o conhecimento teórico dos profissionais, por meio de um curso gratuito de um ano, mas também existem escolas particulares, normalmente criadas por engenheiros do setor, voltadas à formação de soldadores para o mercado.” Recentemente, foi lançado no Brasil um curso de especialização em Engenharia de Soldagem (pós-graduação), que habilita o profissional a realizar provas do Instituto Internacional de Soldagem. “Ele foi criado pela Associação Brasileira de Soldagem (ABS) e a UFMG, que é um dos centros responsáveis por essa especialização, já está formando a terceira turma”, completa o especialista.

Na indústria petroquímica, por sua vez, Bracarense ressalta o desenvolvimento profissional impulsionado pela Petrobras, cujas normas se baseiam nas diretrizes da Associação Americana de Soldagem (AWS, das iniciais em inglês). Seguindo esse exemplo, muitas empresas vêm adotando nos últimos anos normas mais rigorosas de soldagem, compatíveis com as especificações internacionais.