Reciclagem de resíduos de construção in loco é até 80% mais econômica que destinamento a usinas recicladoras

 Por Rodrigo Conceição Santos – 13.02.2015 –

Empresa especializada no segmento calcula ainda que o preço da brita produzida por RCD é um terço do preço da brita natural e acredita que mercado internacional pode ser uma das saídas para superar a baixa provocada pela crise econômica.

Resíduo_da_Construção_civilCom a produção de 15 mil m³ de bica corrida ao mês, a Retroambiental poderia até ser confundida com uma pedreira de pequeno a médio porte. Mas não é, pela diferença básica de trabalhar com matéria prima reciclada. Sim, a empresa é especializada em aluguel, venda e operação de equipamentos de reciclagem de resíduos de construção (RCD), principalmente britadores móveis. Atualmente, segundo Alexandre Franzé, diretor de novos negócios da empresa em São Paulo, a descoberta é que há, na britarem de resíduos no local da demolição, um filão lucrativo.

Pelos cálculos do especialista, quando a operação envolve a remoção do concreto demolido para envio a aterros regularizados ou a usinas de reciclagem, há o custo de recepção do material nesses locais. Além disso, há o custo do frete, que é o maior do processo. “Descobrimos então que se britássemos o material no local da demolição e já vendêssemos a brita dali mesmo para o cliente final, economizaríamos grande parte do ciclo”, conta ele.

E deu certo. Hoje, a Retroambiental opera dessa forma em vários projetos e já tem as métricas disso, que se traduzem em economia de até 80%, dependendo das variáveis. “Para destinar o entulho a outros locais, o custo médio, em São Paulo, é de R$ 70,00 por m³. Já para a produção no local – que considera somente o aluguel do britador – é de R$ 15,00 o m³”, diz. A comparação dele envolve apenas a locação dos equipamentos, sem considerar outras variáveis como combustível, eletricidade, riscos trabalhistas, etc..

Acrescentando os ganhos ambientais a essa conta apresentada acima, Alexandre Franzé explica essa tem se tornado uma das grandes frentes de atuação da Retroambiental. Como exemplo, ele diz que, atualmente, a empresa trabalha numa das maiores demolições de São Paulo: o prédio do antigo Banespa, em Pirituba, e o qual foi comprado pela construtora imobiliária MRV.

“Essa demolição envolve cerca de 50 mil m³ de concreto para ser reciclado e representa o potencial do mercado de RCD no Brasil”, diz ele. Aliás, quando o questionamento é sobre o potencial de mercado, Franzé não titubeia a respeito e traz como principal exemplo o diferencial lucrativo da brita reciclada em relação à natural para o cliente final. “Enquanto a bica corrida natural custa de R$ 60,00 a R$ 70,00 o m³, estamos vendendo a bica corrida reciclada por R$ 25,00”, diz ele.

Perspectivas

A retroambiental também é distribuidora brasileira da fabricante italiana de britadores Franzol
A retroambiental também é distribuidora brasileira da fabricante italiana de britadores Franzol

Mesmo com os diferenciais de mercado apresentados na reportagem, o executivo da Retroambiental assume que há evoluções a serem trabalhadas no mercado de RCD brasileiro e a primeira delas envolve as legislações, que são inexistentes atualmente, mas que estariam prestes a ter as primeiras obrigatoriedades. “Além disso, temos o mal momento econômico atual, que demanda alternativas”, avalia.

Uma das possibilidades que começam a ser estudadas pelo especialista nesse sentido de verticalização é a exportação de RCD. “No entanto, não encontramos grandes construtoras, tampouco outros players como pedreiras com quaisquer informações a respeito. Continuamos à procura”, diz ele.

Hoje, a Retroambiental produz bica corrida tanto in loco, como descreveu Franzé, quanto em uma usina própria na cidade de São Leopoldo (RS), de onde ela atende 32 municípios vizinhos. “Cerca de 90% do que produzimos é bica corrida, usada principalmente em base e sub-base de pavimentos”, diz. “Mas temos tecnologia para produção de outros tipos de matérias primas, como brita 1, 2, pedrisco, etc., que podem gerar aplicações finais ainda mais valoradas”, conclui.