Sabesp vai usar IA para prever níveis de reservatórios de água

Companhia contrata serviço para planejar abastecimento de São Paulo e aperfeiçoar a análise de cenários; investimento é de R$ 1,5 milhão

Por Redação

em 28 de Abril de 2025

A Sabesp investiu R$ 1,5 milhão para desenvolver uma inteligência artificial (IA) que vai planejar o abastecimento dos moradores da Grande São Paulo. A empresa contratou a Rhama Analysis, uma consultoria especializada na integração de previsões meteorológicas e hidrológicas para monitorar com mais precisão os níveis dos mananciais que abastecem cerca de 22 milhões de pessoas. A IA vai cruzar a base de dados que a companhia possui – com mais de 70 anos de informações sobre pluviometria e vazão nas represas – com as previsões meteorológicas. Com isso, vai simular cenários levando em consideração as mudanças climáticas.

Hoje, a Sabesp monitora diariamente as condições meteorológicas, por meio de uma plataforma da USP, e faz simulações dos níveis dos mananciais. A nova tecnologia vai usar a mesma base de dados e acrescentar informações geradas por um dos melhores modelos globais de previsão meteorológica, ECMWF (uma plataforma desenvolvida por um centro europeu de previsão a médio prazo) e dos recursos hídricos dos sistemas de abastecimento da Sabesp. Com a análise destes dados, a IA vai gerar previsões mais precisas do nível dos reservatórios combinando meteorologia, eventos climáticos e o impacto hidrológico.

O trunfo da Sabesp, de acordo com Alexandre Bueno, gerente do departamento de Recursos Hídricos da empresa, é são as séries históricas de dados de armazenamento de água e do volume de chuvas que permitem analisar cenários anteriores, como uma grande seca que aconteceu em 1953 e a crise hídrica, de 2014. “Essa ampla base de informações, associada à tecnologia, vai ajudar a companhia a prever com mais precisão os extremos climáticos e os impactos para o sistema de abastecimento.”

Quais as expectativas com a IA da Sabesp

Segundo Bueno, a tecnologia vai entender as situações do passado para reproduzir o futuro, prevendo de forma mais assertiva o impacto da quantidade de chuva no volume dos reservatórios e vazão do sistema de abastecimento. Por exemplo, se há uma previsão de 10 milímetros de chuva e chove apenas 9 mm, o sistema irá criar um algoritmo mais assertivo para a próxima previsão, calculando o quanto esta chuva gerou de incremento de água em uma bacia hidrográfica e vice-versa. “Vai também disparar alertas em situações críticas”, explica Bueno.

Os primeiros boletins diários da IA serão gerados a partir de julho. Neste momento, as equipes da Sabesp e consultores estão inserindo as informações na plataforma de inteligência artificial. O projeto está sendo desenvolvido inicialmente nos reservatórios do Sistema Cantareira, o maior dos sistemas administrados pela Sabesp, responsável pelo abastecimento de 8,5 milhões de pessoas da Grande São Paulo. Como o sistema de abastecimento de água da Sabesp é integrado, o monitoramento do Cantareira impacta os outros reservatórios.