Smart grid vai exigir infraestrutura de sincronização precisa

 Da Redação – 29.109.2015 – 

Digitalização de subestações e de relés de proteção, tendência entre as empresas do setor elétrico, demanda infraestrutura de  sincronismo já adotada em redes de telecomunicações.

A infraestrutura de sincronismo, que estabelece a referência de tempo comum a diversos circuitos ou equipamentos de rede, vai ser crucial no estabelecimento das smart grid, as redes inteligentes das concessionárias de energia elétrica. Essa é a avaliação de Ítalo Tertuliano, executivo da Microsemi, empresa especializada nesse tipo de infraestrutura. O executivo se apresentou ontem, dia 28, na Futurecom 2015, evento que acontece até hoje, em São Paulo.

Para ele, a companhias de energia precisam ficar atentas, pois a infraestrutura de sincronização é obrigatória na digitalização de subestações e dos relés de proteção, para ficarmos em dois exemplos. A padronização do horário deve acontecer em nível de microssegundos, com adoção dos chamados sincrofasores, dispositivos que fazem a medição em tempo real do sistema elétrico. “Há uma normatização do IEEE, a 1588, que estabelece um novo protocolo para gerenciamento mais eficaz dessa infraestrutura”, explica Tertuliano.

Com os sincrofasores, as companhias do setor ganham maior capacidade de minimizar ou evitar blecautes, em função de melhorar a estabilidade da rede com ações corretivas ou de prevenção. “O processo de digitalização da infraestrutura do setor elétrico é uma realidade e a Aneel, agência que regula o setor, tem estabelecido as necessidades de adoção de sincronismo”, completa o executivo da Microsemi.

Mais latente do que nas elétricas, a demanda pela infraestrutura de sincronismo atinge intensamente a área de telecomunicações. Quando as operadoras do segmento iniciaram a implantação de suas redes móveis, elas também ativaram os sistemas de sincronismo. Mas, o avanço da cobertura não foi acompanhado pela estrutura de sincronismo. Resultado? Problemas como, por exemplo, queda de ligações quando o usuário de celular passa da área de uma estação rádio base para outra. Mais do que isso, a falha pesa no bolso das empresas.

Segundo Tertuliano, da Microsemi, os problemas tendem a aumentar com as novas redes de telefonia móvel, caso da LTE-A, e com a maior densidade da cobertura, incluindo as chamadas pequenas células (small cells) e – as ainda menores – picocelulas. “É preciso definir indicadores chaves de desempenho (KPIs) para checar como falhas na infraestrutura de rede podem afetar a perda de clientes”, adianta o especialista.

Ele cita um exemplo real de operadora na América Latina, na qual a procura pelo problema percorreu várias áreas e envolveu vários drive tests, ou seja, a avaliação da rede pelos engenheiros da companhia, antes da resolução da falha. As iniciativas tentavam identificar a origem do problema de handover ou queda de ligação na passagem de uma estação rádio base para outra. “Quando fomos acionados, percebemos que não havia equipamentos de sincronismo como manda a norma internacional”, explica o especialista. Com a correção, o handover foi suprimido.

Na avaliação da Microsemi, os erros de sincronismo podem aumentar com a maciça implantação de small cells, que combinam a melhoria de cobertura em “buracos” de áreas densas com a baixa demanda de energia. Em função dessa tendência, já existe uma norma, a IEEE 1588, que estabelece um protocolo internacional para facilitar o gerenciamento dos inúmeros dispositivos, tanto de pequenas como de picocélulas.