Startup brasileira avança com modelo de Siderurgia 4.0

Rodrigo Conceição Santos (especial InfraDigital*) 19.03.2021 –

Empresa realiza a gestão de equipamentos móveis combinando Internet das Coisas,  geoprocessamento e software próprio.

A startup GaussFleet gerencia frotas de equipamentos pesados há pouco mais de dois anos e faturou R$ 1,7 milhão em 2020. Agora, ela prevê faturar R$ 3 milhões até o final de 2021 e, para isso, aposta nos contratos em andamento na ArcellorMital, Gerdau, Manserv, Usiminas e outros. Em comum, todos esses clientes são da área de siderurgia e há uma explicação para o foco nesse nicho da mineração.

Segundo Vinicius Callegari, CCO e co-fundador da empresa, a GaussFleet dedicou-se a entender a dinâmica dos pátios siderúrgicos e a sacada foi construir uma tecnologia personalizada para esse mercado. “Temos planos de expandir para outros setores, inclusive com um teste com a Andrade Gutierrez. Mas, assim como foi na siderurgia, precisamos entender a operação para poder personalizar a tecnologia”, explica.

Casamento de IoT e Geoprocessamento é o segredo

Na prática, a GaussFleet mapeia a operação de equipamentos móveis por meio de Internet das Coisas (IoT) e geoprocessamento, organizando os dados em um software próprio. O resultado é a geração de informações para gestão de produtividade e desempenho dos ativos.

O sistema é baseado em rastreadores inteligentes, distribuídos em pás-carregadeiras, escavadeiras, tratores, retroescavadeiras e caminhões basculantes. Os dispositivos levam a marca da própria GaussFleet e são importados da Lituânia. “O OEM próprio é um grande diferencial. Ele tem os buffers necessários para captar, armazenar e transferir as informações realmente importantes para a operação. Esses dados são transmitidos por redes de telefonia celular (de GPRS a 4G), mas também podem ser por Wi-Fi”, revela Callegari.

Vinicius Callegari, da GausFleet
Vinicius Callegari, da GaussFleet

Paralelamente, as máquinas são georreferenciadas e os dados de localização são cruzados com os de telemetria (colhidos pelos chips). O conjunto desses dados é encaminhado para um software, também desenvolvido pela GaussFleet, produzindo as informações para a gestão e automação da frota.

“Ninguém consegue obter mais dados operacionais sobre os equipamentos do que os próprios fabricantes, que detêm o domínio dos protocolos de comunicação das máquinas. Porém, quando juntamos os dados de telemetria com os de geoprocessamento da planta de produção das siderúrgicas, obtemos um nível de informação diferenciado e capaz de gerar economia e aumento de produtividade para os clientes”, diz o executivo.

Em um cliente do Sudeste, a GaussFleet opera módulos de manutenção de frota, consumo de combustível, segurança e produtividade. Essa planta maneja placas metálicas para exportação e a tecnologia da startup brasileira monitora o carregamento das placas até os navios, ancorados no Porto. “No ano passado, a o cliente ampliou a produtividade no carregamento de navios em 12% usando a tecnologia”, conta Callegari.

Gestão de frotas próprias e terceiras

Na operação citada, a frota gerenciada é totalmente própria, mas em outros clientes da GaussFleet não é assim. Hoje, 60% da demanda da empresa está no gerenciamento de frotas locadas.

Segundo Callegari, as frotas estão sendo cada vez mais terceirizadas e a GaussFleet deve seguir a tendência. Ele avalia que a sua tecnologia entrega ainda mais valor na gestão das frotas locadas à medida que pontua, com maior exatidão, a produtividade das máquinas.

“Os contratos de locação são feitos de várias formas e sob várias regras, incluindo tempo de operação do motor, produtividade e carga horária. Quando mapeamos todas essas medições, permitimos que a siderúrgica pague exatamente pelo que utiliza e que o locador receba exatamente pelo que entrega”, conclui.

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