Tecnor automatiza produção de blocos e telhas cerâmicas no Maranhão

Tecnor aberturaDa Redação – 18 de agosto de 2014

Empresa investe R$ 2,5 milhões na aquisição de equipamentos industriais e empilhadeiras a diesel. Investimento deve ser recuperado em menos de quatro anos.


O processo tradicional de uma cerâmica – ou Olaria, como é conhecida no Sul e Sudeste – ganhou algumas máquinas industriais no lugar de homens na Cerâmica Tecnor, em Timon (divisa do Maranhão com Piauí e vizinha da capital desta segunda, Teresina). Agora, o composto de argila chega a um conjunto de máquinas que moldam os tijolos, cortam-nos em seus tamanhos ideias e os direcionam para carrilhões. Essas máquinas todas são geridas por um só técnico, que se movimenta de um lado para o outro fiscalizando a atuação dos equipamentos.

Bloco de VEDAÇÃOOs tijolos moldados e frescos seguem automaticamente até os fornos e depois para a secagem, gerando blocos na medida de 9x14x19 centímetros prontos para o comércio. Toda a produção leva 48 horas e necessita de alguns poucos operários atuando no meio do processo. É o caso daqueles que retiram os tijolos frescos das esteiras e os colocam nos carrilhões.

Depois de prontos e secos, os blocos são empilhados por outro equipamento industrial, para só então serem plastificados no pallet, por uma outra máquina que mais se parece com aqueles embaladores para proteger bagagens no aeroporto. É então que entram as empilhadeiras à Diesel, da marca BMC-Hyundai, movimentando o pallet até o pátio e o empilhando devidamente para que a outra empilhadeira da marca carregue os caminhões dos clientes. “A primeira empilhadeira trabalha durante o dia e às vezes auxilia a segunda no carregamento de caminhões”, diz João Cortez.

A fumaça sai pela porta
O trabalho dessa máquina ocorre na porta de saída da cerâmica, motivo pelo qual a propulsão a diesel é totalmente viável, pois não deixa acúmulo de carbono dentro do galpão: a fumaça sai literalmente pela porta. A segunda empilhadeira também é a diesel e a escolha pelo combustível tem suas razões, como pontua João Cortez.

Miolo TecnorEle explica que no começo da automatização a empresa locou empilhadeira a gás (GLP – gás liquefeito de petróleo), para testar o processo antes de investir num equipamento próprio. Os botijões tinham de ser trocados duas ou três vezes por dia e a logística para estoca-los estava se mostrando complexa demasiada. “Foi então que a BMC-Hyundai nos visitou, apresentando a opção de empilhadeira a diesel”, diz. “Compramos a ideia e logo nos primeiros dias de operação sentimos a diferença no que tange a autonomia de combustível. Agora, as máquinas trabalham até dois dias sem reabastecimento e quando há é muito mais simples, seguro e produtivo, pois a empilhadeira se desloca até os comboios e volta ao trabalho poucos minutos depois”, relata, completando que o diesel ainda é cerca de 20% mais barato do que o GLP.

As empilhadeiras podem ter a carga de trabalho ampliada para 24 horas, caso haja novo aumento de produção na empresa. Aliás, por falar em aumento produtivo, vale uma pausa para relatar que de 1989 a 2014 – período sob gestão de João Cortez – a Tecnor quintuplicou a produtividade. Hoje, ela fabrica cerca de 5 milhões de peças, entre blocos de vedação e telhas extrudadas.

O percurso da empilhadeira que trabalha dentro do galpão é curto, de menos de 10 metros entre a retirada do pallet do “embalador de bagagens” até a sua colocação na porta do galpão. Por isso ela opera em Y, atacando a carga frontalmente pela direita, voltando de ré, e partindo frontalmente para a esquerda. “Mesmo com o trabalho mais leve em comparação ao da outra empilhadeira, que carrega os pallets sobre os caminhões, essa movimentação gera poeira e por isso adotamos sistemas diferenciados de pré-filtro rotativo para equipar as duas”, diz João Cortez.

Segundo ele, a tecnologia já é utilizada pela Tecnor em pás-carregadeiras e outros equipamentos da frota e elimina 80% das impurezas que seriam absorvidas pelo sistema de filtragem original da máquina.

Mais de 1500 horas
Uma das empilhadeiras da Tecnor trabalha na área externa, carregando as carretas dos clientes com os blocos paletizados. Essa máquina opera initerruptamente, 24 horas por dia, e já está com mais de 1.500 horas trabalhadas, sem apresentar defeito significativo. A manutenção dela, segundo João Cortez, se resume às paradas programadas nos períodos recomendados e a um problema na bomba d’água, que foi trocada pela fabricante no prazo satisfatório.

A operação da empilhadeira é crucial para a produtividade da fábrica de blocos. Ela carrega cada carreta em poucos minutos e para isso não precisa de nada além de um bom operador como Carlos Henrique Lima da Silva, que opera a máquina desde as primeiras horas na Tecnor. “Antes da automação, essa carga era feita a mão, com a atuação de quatro ou cinco homens que demoravam mais de 4 horas e para encher uma carreta”, compara João Cortez.

Com essa agilidade, os clientes da Tecnor começaram a gostar da paletização também, pois têm menos custo com hora parada de suas carretas. Por isso, João Cortez relata que alguns clientes (majoritariamente depósitos de construção) estão se preparando para receber e manusear os pallets nos galpões. “Isso, obviamente, é uma oportunidade que se abre no mercado para a comercialização de empilhadeiras”.

Imagem aérea da área fabril da Tecnor
Imagem aérea da área fabril da Tecnor

A aquisição das empilhadeiras e de todos os demais equipamentos industriais relatados no texto demandou investimento total de R$ 2,5 milhões à Tecnor. Segundo João Cortez, o processo automatizado reduziu de 55 para 35 o número de funcionários da fábrica, além de otimizar a produtividade. “Com isso, calculamos recuperar o investimento em quatro anos, obtendo ainda todos os benefícios indiretos com questões trabalhistas, segurança operacional, etc.”, diz ele.

O sucesso na automação da fábrica de blocos é tamanho que João Cortez e sua equipe já estudam a automatizar também a fábrica de telhas extrudadas. Essa está em fase de testes e estudos, mas já tem alguns resultados positivos. O empresário da Tecnor explica que por se tratar de telhas finas, com espessura de 7 mm cada, o empilhamento é delicado. “Entendemos que para empilhar e, portanto, poder paletizar esses materiais, precisaríamos criar pequenos pacotes, com cerca de 10 telhas cada, e depois distribuí-los com as telhas em pé sobre os pallets, pois se as deitássemos o peso de uma sobre a outra as racharia”, diz.

O passo seguinte foi entender como disponibilizar os pacotes na área do pallet, garantindo não só a integridade das telhas, mas também o equilíbrio do pacote. “A solução foi amarrar o pallet com fitas. Para isso, usamos as mesmas fitas usadas para fazer o pacote de 10 telhas e o resultado está se mostrando interessante até agora”, diz ele.

Faltam alguns testes sobre essa solução ainda, mas se os prognósticos de João Cortez foram confirmados, o passo seguinte será procurar por máquinas industriais que façam as partes da paletização automaticamente. Tudo isso gerará um novos modus operandi para a Tecnor, que tende aumentar a produtividade, otimizar os recursos e procurar por novos equipamentos.