Telefônica e Google mostram que não tem crise no mundo submarino

Da Redação – 17.03.2016 – 

Operadora espanhola aluga parte de seu novo cabo, que entra em operação em 2018, e Google constrói nova rede óptica ligando Santos ao Rio de Janeiro, com tecnologia da brasileira Padtec.

Enquanto o Brasil enfrenta uma crise sem precedentes em terra firme (sic), no mundo submarino os projetos de telecomunicações avançam. Dois deles foram divulgados oficialmente nessa semana. O primeiro é a adoção, pelo Google, da solução completa da fabricante brasileira Padtec, para construção de sua infraestrutura. O segundo anúncio veio da Telefônica, que alugou parte de sua infraestrutura de fibra óptica submarina para a colombiana Internexa.

No caso da Padtec, a tecnologia da empresa será usada para conectar Santos ao Rio de Janeiro e envolve uma solução chave na mão (turnkey), inclusive com a infraestrutura de tecnologia em terra. Pelo acordo, a fabricante sediada em Campinas vai gerenciar a instalação da rede submarina que irá ligar as instalações do Google na Praia Grande (Baixada Santista) à Praia da Macumba, no Rio.

Com 390 km de extensão, o cabo submarino terá oito pares de fibra e fará parte da infraestrutura de transmissão de dados do Google na América Latina, com previsão de conclusão no primeiro semestre de 2017. O pacote envolve a adoção da tecnologia de multiplexação por divisão de onda densa (DWDM), inclusive com a plataforma LightPad i6400G, da Padtec.

De acordo com a empresa, o projeto recém-anunciado foi desenvolvido ao longo dos últimos quatro anos. Parte fundamental dele, o repetidor submarino, foi testado e qualificado para suportar ambientes severos e com altas pressões, próprios das transmissões transoceânicas em distâncias ultralongas. O equipamento faz parte da solução turnkey para sistemas submarinos da Padtec, que abrange a elaboração, gerenciamento e execução do projeto, incluindo a contratação de parceiros reconhecidos mundialmente.

“Estamos orgulhosos em participar de um projeto de tamanha relevância e em atender um cliente como o Google, em um espirito de parceria tecnológica”, explica Manuel Andrade, CEO da Padtec. O executivo destaca ainda o desenvolvimento local da tecnologia e a qualidade da engenharia brasileira na área de telecomunicações.

Já Cristian Ramos, gerente de Parcerias de Desenvolvimento de Infraestrutura de Internet para a América Latina do Google, reforça o conhecimento da fabricante brasileira. “Ela já é uma empresa mundialmente conhecida no setor de sistemas de transporte óptico terrestre e, com esse projeto, se torna um novo player na indústria de transmissão submarina”, detalha.

Diferentemente do Google, a Telefônica está construindo uma rede própria, mas não pretende ficar sozinha com ela. A empresa vai ceder parte da capacidade do Brusa, seu cabo submarinos com 11 mil km de extensão que liga o Brasil aos Estados Unidos. Apesar de estar operacional em 2018, a empresa vai rentabilizar a infraestrutura, locando parte da malha para a colombiana Internexa. Essa última vai “acender”, ou seja, transmitir dados e outros serviços usando parte das fibras ópticas que não estavam ativadas.

O acordo prevê o uso do Brusa, cabo que pertence totalmente à Telefônica, e de outras duas infraestruturas, caso do SAM-1 e do PCCS, esse último implantado em consórcio com outras empresas em 2015. Com isso, a Internexa amplia a rede de fibra óptica que disponibiliza, dobrando os 30 mil km atuais. Para a Telefônica, sua parceira passa a integrar o grupo de elite das operadoras que atuam na América Latina.

O contrato beneficia a empresa espanhola, principalmente por justificar o investimento no Brusa, seu maior investimento em um ativo de infraestrutura na última década. O cabo conectar o Rio de Janeiro e Fortaleza, no Brasil, com San Juan em Porto Rico e Virginia Beach nos Estados Unidos.

É importante destacar que o cabo faz parte da Telxius, empresa da Telefônica que passa a incorporar paulatinamente todos os ativos da operadora na área de infraestrutura, inclusive a rede de torres de telefonia móvel e de cabos submarinos de fibra óptica.