Trina Solar quer market share de dois dígitos no Brasil

Por Nelson Valêncio – 31.08.2018 –

Empresa chinesa aposta em solução integrada de módulos, inversores de frequência, Internet das Coisas e gerenciamento via nuvem

O brasileiro Daniel Pansarella, gerente de vendas sênior da Trina Solar para o Brasil, tem a missão espinhosa de tirar a subsidiária local dos atuais 1,2% de participação de mercado (market share) para pelo menos dois dígitos. Operando há cerca de um ano no país, a empresa chinesa tem números diferentes nos vizinhos: 14% do mercado mexicano e mais de 15% do chileno, com uma média de 10% na América Latina. Segundo Álvaro García-Maltrás, diretor para a América Latina e Caribe, a presença de mais de cinco anos no Chile explica o avanço da empresa por lá. No caso do México, a construção de usinas de geração fotovoltaica é um dos impulsionadores da empresa, tida como a mais “financiável” pelos bancos que atuam no segmento.

García-Maltrás: crescimento de dois dígitos é a meta da empresa chinesa para o Brasil

Voltando ao Brasil, García-Maltrás avalia que o crescimento acontecerá pela maior presença junto a distribuidores e pelo incremento de projetos via leilão de energia, com foco não somente em grandes usinas de geração fotovoltaica como em projetos menores. o avanço de microrredes é outra frente. A estratégia em nível mundial é a de integração. O modelo proposto pela Trina Solar envolve a venda de um pacote, com os módulos solares, combinados com seguidores solar (trackers), dispositivos que movimentam os módulos para acompanhar o movimento do sol, mais inversores de frequência. Essa é a parte de equipamentos. O outro salto é acrescentar um gerenciamento remoto com a aplicação de sensores, criando uma rede de Internet das Coisas (IoT) e mandar as informações para a nuvem.

Com o novo empacotamento, a Trina Solar estima que pode reduzir em 10% os custos operacionais e aumentar em 30%, em média, a eficiência energética dos projetos que instalar nessa configuração. De acordo com García-Maltrás, é necessário que o pacote envolva não só os módulos fabricados pela empresa como os trackers produzidos por um fabricante espanhol recém comprado. Já os inversores de frequência serão de duas marcas parceiras – Huawei e Sungrow – fechando o ciclo. Os ganhos, segundo ele, viriam do melhor gerenciamento, incluindo a movimentação mais inteligente dos módulos. Outra melhoria é a fabricação de módulos com características mais direcionadas às condições brasileiras.

A empresa ainda não tem nenhum projeto com o novo pacote, mas aposta nele como uma solução interessante para os consórcios que vem disputando os leilões de geração de energia solar no Brasil. Ainda sobre esse assunto, García-Maltrás não descarta a participação da empresa em algum certame. Ele lembra que a parte de construção e compras (EPC) também faz parte do escopo da empresa (independente do pacote), assim como a possibilidade de operar os projetos (esses sim com a configuração de pacote). As novas rotas da companhia indicam a busca pela diversificação, uma vez que 80% de suas vendas mundiais ainda estão concentradas nos módulos.